O Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Sul, (SITE-Sul) defendeu esta terça-feira que a administração da Autoeuropa, em Palmela, podia repor a totalidade dos salários aos seus trabalhadores, apesar da retoma parcial da produção.

 A administração da Volkswagen tem condições para repor no imediato o valor correspondente ao corte salarial de 5% e garantir a totalidade da remuneração mensal (salário, subsídio de turno e de alimentação, complemento de fim de semana e prémios) no período de `lay-off´, assumindo assim a sua responsabilidade social numa situação alheia aos trabalhadores”, refere um comunicado da comissão sindical do SITE-Sul na fábrica de Palmela, no distrito de Setúbal.

No documento, os sindicalistas consideram que o único responsável pela paragem forçada da Autoeuropa, que só retomou a produção parcial na passada segunda-feira, “é o Grupo Volkswagen pela sua forma de gestão ao nível da logística e aprovisionamento” e defendem que a Volkswagen “deveria também garantir a totalidade dos salários a todos os trabalhadores das empresas fornecedoras penalizados com cortes salariais devido ao recurso ao lay-off”.

 O processo de `lay-off’, a que a administração da Autoeuropa recorreu e aplicou, traduz-se apenas e só numa penalização dos rendimentos, emprego dos trabalhadores e no financiamento da Volkswagen através de fundos da Segurança Social, que não podemos esquecer também é dinheiro de todos os trabalhadores portugueses”, salienta a comissão sindical do SITE-Sul.

Apesar do arranque da produção, a administração mantém o lay-off, através da redução do horário de trabalho na forma mais penalizadora para os trabalhadores ao nível do seu rendimento mensal, quando estes mais precisam  para enfrentar o aumento do custo de vida, mantendo a normal e penosa rotação dos turnos e suspendendo o trabalho ao fim de semana e respetiva compensação monetária, numa clara forma economicista para a empresa”, acrescenta o comunicado.

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Os sindicalistas do SITE-Sul referem ainda que a Autoeuropa “impôs unilateralmente o trabalho ao fim de semana a partir de 2017“, mas que tem sido suspenso por diversas vezes por variados motivos e questionam se o trabalho ao fim de semana será mesmo uma necessidade da empresa.

Os trabalhadores da Autoeuropa regressaram na segunda-feira ao trabalho depois de uma paragem de produção forçada de quatro semanas devido à falta de peças, mas, para já, vão trabalhar apenas de segunda a quinta-feira, com três turnos de segunda a quarta-feira, e o turno da noite à quinta-feira.

A fábrica da Volkswagen em Palmela foi obrigada a suspender temporariamente a produção devido à falta de uma peça produzida numa fábrica da Eslovénia, que foi fortemente afetada pelas cheias que ocorreram naquele país no passado mês de agosto.

Inicialmente estava previsto que a paragem de produção, que teve início em 11 de setembro, se prolongasse até 12 de novembro, mas a Volkswagen garantiu, entretanto, o fornecimento da peça em falta junto de um fornecedor espanhol e outro chinês, o que lhe permitiu antecipar o regresso ao trabalho para a passada segunda-feira, ainda que parcialmente.

A paragem de produção afetou os cerca de cinco mil trabalhadores da fábrica de automóveis e muitos mais de empresas fornecedoras, incluindo as empresas que estão no Parque Industrial da Autoeuropa, algumas totalmente dependentes da produção da fábrica da Volkswagen.