Já todos vimos imagens de discussões que levam a cenas de pugilato entre automobilistas e motociclistas que se desentendem no trânsito. Ao que tudo indica, a moda mais recente de road rage é a charge rage, em que os utilizadores de veículos eléctricos se desentendem nos postos de carga, o que já levou as empresas que exploram este tipo de locais no Reino Unido a contratar seguranças, para evitar que o ambiente aqueça e surjam faíscas entre os condutores.

Há países europeus que usufruem de uma maior ou menor percentagem do número de veículos eléctricos sobre a quantidade de postos de carregamento, mas em determinadas ocasiões, que coincidem com picos na procura por locais onde recarregar as baterias, há muitos utilizadores de automóveis a bateria que se queixam de ter que esperar demasiado tempo para recarregar o acumulador do seu carro. E não vale a pena analisar somente o número de postos de carga, uma vez que os que carregam em AC são demasiado lentos e concebidos para recarregar durante a noite. Os carregadores rápidos (DC), a maioria a fornecer uma potência de apenas 50 kW, também não servem a maioria dos condutores de veículos eléctricos, que se satisfazem com potências somente acima de 150 kW. Com a certeza que, dentro de cinco anos, serão 250 kW e potencialmente, passado muito pouco tempo, 400 ou 500 kW.

O Reino Unido tinha, em 2021, uma média de 20,4 carros eléctricos por carregador, valor que subia para 97 veículos eléctricos por posto de carga rápida. Isto segundo a Sustainability by Numbers, que considera postos de carga rápida todos aqueles que fornecem 50 kW (a esmagadora maioria) ou mais. Contudo, quando estão de viagem, os condutores britânicos querem um posto que recarregue a bateria do seu carro até 80% em 30 minutos ou pouco mais. Ou seja, superchargers com uma potência entre 150 e 250 kW. E é aqui que oferta é mínima – em Portugal também, se considerarmos apenas os públicos – o que transtorna os condutores e teima em enfurecê-los quando têm de esperar horas. Não para recarregar a bateria, mas apenas pela sua vez de se ligar ao ponto de carga, o que tem provocado discussões e cenas de pancadaria.

Para evitar estas lamentáveis situações, a Moto, que controla a maioria das estações de recarga para veículos eléctricos nas auto-estradas britânicas, sentiu necessidade de reforçar os seus efectivos. Não para ajudar os clientes, mas para impedir confrontos entre eles. A solução foi recrutar seguranças, que apelidam de marshals e que actuam quase como os porteiros de discotecas. Não usam armas, mas o físico e a postura acabam por “tranquilizar” os clientes – a bem ou a mal – que querem aceder aos kW dos postos antes do parceiro do lado. Resta saber se e quando esta situação chegará a Portugal onde, estranhamente, há duas estações, com mais de uma dezena de pontos de carga a mais de 150 kW, que não conseguem abrir por burocracia.

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