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O Líbano permanece entre o estado de alerta e o medo de que o país possa entrar num novo conflito armado com Israel, registando-se a fuga de habitantes de zonas de fronteira e de estrangeiros para o exterior.

Mohammad, porteiro no centro de Beirute, a capital libanesa, contou à Lusa que vários moradores do seu prédio “foram-se embora”. “Australianos, franceses, ingleses, várias pessoas já saíram daqui”, disse Mohammad. “Mas não vai acontecer nada”, disse com um sorriso.

Na capital libanesa, a vida decorre normalmente. Ao final do dia, o paredão que percorre a costa mediterrânea enchia-se de crianças a brincar com balões e pessoas a fazer exercício.

“A vida está normal porque as pessoas ainda acreditam que a situação possa não atingir o Líbano”, conta à Lusa Bilal Mahmoud enquanto comprava um reforço de água engarrafada e comida enlatada no supermercado.

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À sua volta a maior parte das pessoas parece fazer as compras normais do dia e não faltam produtos nas prateleiras.

Mahmoud, 41 anos, é um de muitos libaneses que se lembra da guerra civil e da guerra entre o Hezbollah e Israel em 2006. “Há 40 anos que Israel já atacou o Líbano de várias maneiras, portanto as pessoas estão assustadas, não sabem se vai acontecer outra vez”, diz.

“Mas isto seria o golpe final para a nossa economia. Depois da explosão do porto de Beirute, a pandemia e a inflação, acho que esta guerra com Israel ia atrasar o Líbano por 100 anos“, conta à Lusa.

Após quatro dias de confrontos entre o grupo xiita Hezbollah e Israel, mais de 900 pessoas já abandonaram as suas casas nas zonas fronteiriças do Líbano.

A proteção civil local disse na quarta-feira que os residentes locais estão a ser encaminhados para abrigos improvisados em escolas na cidade de Tiro.

A aldeia fronteiriça de Al-Dhaira foi a mais afetada pelos ataques aéreos de helicópteros israelitas. Três membros da mesma família foram feridos após o bombardeamento da sua casa e tiveram que ser retirados dos escombros pela proteção civil.

As autoridades locais acusaram Israel de “terrorismo” e “crimes de guerra” após o bombardeamento de uma cisterna de água que alimenta uma aldeia perto da fronteira.

O ataque israelita foi a resposta ao lançamento de mísseis por parte do Hezbollah, que atingiu tanques das Forças de Defesa Israelitas (IDF). O grupo xiita financiado pelo Irão disse em comunicado que o ataque foi uma retaliação após forças israelitas matarem três dos seus membros durante os bombardeamentos de terça-feira.

Desde o passado domingo, o Hezbollah e fações palestinianas em território libanês efetuaram diversos disparos com ‘rockets’ e mísseis, para além de pelo menos uma infiltração no Estado judaico.

Esta noite, a tensão esteve ao rubro na região fronteiriça entre o Líbano e Israel, após um falso alarme do sistema de vigilância israelita ter detetado uma possível infiltração aérea vinda do Líbano.

Foi feito um alerta às populações do norte de Israel, aconselhadas a procurarem abrigo, mas exército israelita anunciou pouco depois que “não houve um incidente”.

“Foi um erro que estamos a investigar. Vamos verificar se foi um mal funcionamento técnico ou erro humano”, disse Daniel Hagari,  porta-voz do exército israelita.

Estes incidentes são uma consequência da guerra iniciada no passado sábado entre Israel e as milícias da Faixa de Gaza, que desencadearam ao início da manhã um ataque surpresa em diversas localidades perto da linha de separação do enclave.

Sami Gemayel, líder das Falanges Libanesas, um partido maioritariamente cristão, escreveu na rede social X que “toda a gente sabe que Hezbollah, Hamas e o Irão são aliados num eixo e que pedem união no terreno”.

“Portanto eles forçosamente algemaram o povo Libanês a este conflito. Mas nós não estamos prontos para ser empurrados para ele”, disse o líder libanês.