O bastonário da Ordem dos Farmacêuticos apelou esta sexta-feira à contratação de mais farmacêuticos e melhores condições técnicas, para os profissionais do Instituto Português de Oncologia de Lisboa poderem prestar com qualidade e segurança os serviços que os doentes necessitam.

Hélder Mota Filipe visitou esta sexta-feira o Serviço Farmacêutico do IPO de Lisboa, onde se reuniu com os 22 farmacêuticos da instituição, que apresentaram esta semana um pedido conjunto de escusa de responsabilidade, depois da demissão da diretora do serviço, e com o conselho de administração, presidido por Eva Falcão.

Em declarações à agência Lusa no final da visita, o bastonário afirmou que a mensagem que lhe foi passada pelos profissionais é que é preciso contratar mais farmacêuticos e melhorar as condições de serviço.

É urgente que se tomem estas medidas para que os farmacêuticos sintam que têm as condições mínimas necessárias para cumprir com as necessidades de todos os doentes do IPO”, defendeu.

Nas escusas foi identificado um conjunto de razões que, segundo o bastonário, levantam “sérias preocupações”, nomeadamente a falta de recursos humanos e de condições técnicas para determinados procedimentos fornecidos.

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Preocupações que o bastonário constatou durante a visita, que demorou cerca de três horas. “Realmente há problemas, os colegas estão preocupados e a preocupação deles é legítima”.

Quando nós aumentamos a produção ou quando se exige ao serviço que a produção seja aumentada numa área como a oncologia, onde todos os dias estamos a ter novos medicamentos e medicamentos de tecnologias complexas (…) é preciso que haja farmacêuticos disponíveis, com tempo dedicado para poderem adequadamente utilizar esses medicamentos de forma segura e eficaz e isso não está a acontecer, porque o número de farmacêuticos não aumentou e a complexidade e o número de procedimentos que são exigidos aumentou”, alertou.

Alertou também para “a degradação” na área de produção de medicamentos citotóxicos: “Os doentes oncológicos precisam de quimioterapia e essa quimioterapia é altamente tóxica também para os operadores e aquilo que acontece é uma degradação na capacidade de produção e nos equipamentos necessários para garantir a qualidade e a segurança dessa produção”.

Ressalvando que não quer ser alarmista, assim como os farmacêuticos do IPO também não querem, o bastonário afirmou que para os medicamentos produzidos para quimioterapia não colocarem em risco a saúde dos doentes, “a produção tem que diminuir, porque não se pode pactuar com diminuição da qualidade e do desempenho dos equipamentos”.

Isto é uma preocupação imensa e se não houver medidas adequadas e urgentes nestes equipamentos, então essa degradação continuará e chegado a certo ponto teremos, obviamente, a rutura da produção destes medicamentos, o que não é o caso ainda”, vincou.

Citando a diretora do Serviço Farmacêutico, o bastonário disse que serão necessários mais cinco ou seis farmacêuticos, num universo de 22 farmacêuticos.

“É necessário que o Conselho de Administração perceba que estes 22 farmacêuticos não são suficientes para a realidade da oncologia neste momento e para o aumento da produção“, sendo preciso dar condições.

Hélder Mota Filipe disse que o Conselho de Administração reconheceu as dificuldades e demonstrou “vontade de resolver o mais depressa possível essas dificuldades”.

O bastonário solicitou a intervenção da autoridade reguladora (Infarmed), que informou ter iniciado de imediato as diligências de averiguação necessárias, e a autorização do Conselho de Administração para realização de uma visita, com caráter de urgência, à farmácia hospitalar do IPO de Lisboa.