Os resultados parecem mesmo ser um bálsamo para tudo. Até ao final de setembro, a temporada da Roma era vista com desconfiança, com desilusão e até com receio de terminar num rotundo falhanço; agora, três vitórias concludentes depois entre Serie A e Liga Europa com 10-1 em golos, voltou a esperança, a expetativa, a crença. É certo que os giallorossi ocupam ainda a décima posição do Campeonato mas os seis pontos de distância para os lugares de acesso à Champions ganharam outra perspetiva até tendo como contexto todas as melhorias que o plantel teve no último verão com as entradas de nomes como Romelu Lukaku, Leandro Paredes, Renato Sanches, Ndicka ou Aouar. O que não mudou? A situação de José Mourinho no clube.

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“Se renovaria agora? É uma situação hipotética, não posso responder a isso. O que posso dizer é que, há três meses houve quase um drama ao pensar que eu poderia sair. Em Budapeste, no relvado, disse aos jogadores que ficava, após o Spezia reiterei-o aos adeptos, dois ou três dias depois dei a minha palavra ao presidente. No verão, tive a maior, mais importante e mais louca oferta de emprego que um treinador alguma vez teve na história do futebol e recusei-a por causa da minha palavra. Agora parece que sou um problema, não o aceito. Não o aceito porque não é verdade, não sou um problema. No futebol e na vida as coisas são multifatoriais, não se pode dizer que o responsável é aquele que está ali, são todos. Comprometi-me ao dar a minha palavra, por isso até 30 de junho de 2024 estarei aqui. Só o presidente me pode dizer que acaba mais cedo do que o previsto. Caso contrário, irei até ao fim”, tinha comentado antes do jogo com o Frosinone.

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“Estou em Roma, estou centrado em Roma e vou dar tudo até ao meu último dia aqui. As portas estão abertas para mim na Arábia Saudita, quero sentir o desenvolvimento que está a acontecer lá. Não sei quando poderá acontecer mas acredito que trabalharei lá. O Cristiano Ronaldo foi o primeiro a ir e deu logo uma perspetiva diferente. Muitos jogadores, não só os que estão na fase final das suas carreiras, estão a ir para a Arábia Saudita porque a competição é forte. Não só no campeonato mas também na Liga dos Campeões asiática, que é muito interessante”, disse depois numa entrevista ao canal egípcio MBC Egypt TV. Nesse mesmo fim de semana em que surgiram notícias que davam conta de uma possível saída em caso de derrota com o Cagliari, a Roma goleou por 4-1. Ainda assim, todo o cenário permanece sem alterações.

José Mourinho diz estar seguro de que trabalhará na Arábia Saudita

De acordo com a imprensa italiana, o treinador português não irá ficar no conjunto da capital para fazer uma quarta temporada. O jornalista Gianluca Di Marzio, da Sky Sports Italia, avança mesmo que não existiram negociações no sentido de um prolongamento do contrato que termina em junho de 2024 “nem vão existir”, falando num distanciamento entre os dirigentes do clube e o treinador. Ou seja, será um técnico livre.

“Quando vim e conheci o romanismo, conheci todas as suas dúvidas, todas as suas frustrações e tentei entrar nelas. Gosto do romanismo, do romanismo puro, do romanismo de rua. Quando stou no banco e olho para o lado direito do Olímpico [a Curva Sur, onde está a claque] ainda me emociono. Mas também sei que existe o anti-mourinhismo. Especialmente em Roma, onde há as duas fações. O mourinhismo é conhecido por toda a gente que sabe o que fiz, o anti-mourinhismo é praticado pelas pessoas que gostavam os tempos em que a Roma não ganhava taças nem tinha êxitos europeus. O anti-mourinhismo vende, o mourinhismo é uma forma de estar na vida”, tinha destacado na mesma entrevista dada ao canal televisivo do Egito o técnico que ganhou 59 dos 119 jogos realizados na Roma, tendo ganho a primeira edição da Liga Conferência em 2022 frente ao Feyenoord e perdido a final da Liga Europa em 2023 nos penáltis com o Sevilha.

Agora, o Il Messaggero escreve que a Arábia Saudita vai voltar à carga para tentar levar o treinador para um clube ainda não revelado com uma oferta milionária de 120 milhões de euros por duas temporadas, algo que tornaria o português no técnico mais bem pago do mundo. “Recebi propostas do Al Hilal e do Al Ahli mas informei a Direção que não tinha intenções de aceitar. Em casa disse exatamente a mesma coisa. Senti-me preso à palavra dada aos jogadores em Budapeste [após perder Liga Europa para o Sevilha] e aos adeptos depois do jogo com o Spezia. Não foi só por isso que não aceitei, não é um ‘não’ definitivo”, tinha admitido o treinador numa entrevista concedido ao Corriere dello Sport em que abordou de novo a questão.