Foi uma ideia que terá começado numa expressão feliz do saudoso Bibota Fernando Gomes, foi uma ideia que ganhou outra dimensão quando foi partilhada pela primeira vez por Cristiano Ronaldo na antecâmara do Campeonato do Mundo de 2010 na África do Sul, foi uma ideia que se tornou quase universal com o passar do tempo. Quando um avançado, sobretudo no caso dos avançados, vai adiando o golo de remate falhado em remate falhado, há sempre aquela esperança de que quando aparecer o primeiro, todos os outros saiam de forma natural como a famosa “teoria do ketchup”. E é nesse patamar que se encontra Arthur Cabral.

Está na hora de pedirem também a camisola a Aursnes (a crónica do Lusitânia-Benfica)

A cumprir o oitavo jogo pelos encarnados, desta vez titular com Tengstedt ao lado na primeira parte e depois com Gonçalo Guedes mais móvel na frente a partir do intervalo, o filme não estava a ser melhor do que nos anterior. Houve um cruzamento de Aursnes em que escorregou e não conseguiu dominar da melhor forma para o remate, houve um desvio ao primeiro poste após assistência de João Neves que saiu por cima, houve uma tentativa que quase parecia um reflexo da frustração por ver as coisas a não resultarem num remate depois de um passe para golo de Jurásek que não teve perigo. Aos 68′, tudo mudou. Chiquinho recuperou a bola em zona alta, Gonçalo Guedes assistiu de primeira, Arthur Cabral conseguiu picar por cima de Diogo Sá com o remate a bater ainda na trave antes de entrar. O enguiço foi quebrado 298 minutos depois.

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“Acho que é um golo e um momento muito importante. Por vezes, o primeiro golo é o mais difícil. Teve de esperar um pouco e claro que havia essa pressão, mas é muito bom para a confiança dele e para nós. É um jogador muito bom, uma ótima pessoa e acho que vai dar-lhe motivação para o que aí vem”, comentou Roger Schmidt, treinador do Benfica que já tinha referenciado o jogador que substituiu no verão o também avançado Gonçalo Ramos (após a saída do português para o PSG) antes de chegar ao conjunto da Luz quando estava no Basileia e depois na Fiorentina, na zona de entrevistas rápidas da SportTV.

“Estamos felizes por termos vencido, é sempre o mais importante na Taça de Portugal porque se não vencermos, somos eliminados. Foi um jogo especial, uma viagem longa, condições atmosféricas muito particulares. Estas equipas dão sempre tudo, mas acho que estivemos bem, ganhámos o jogo e isso foi o mais importante. Golo cedo? É sempre mais fácil quando marcamos cedo. Acho que era desnecessário fazermos um penálti, mas conseguimos decidir o jogo no momento certo e estou feliz pelos golos do Arthur e do Tiago Gouveia, que se estrearam. O apoio dos adeptos foi fantástico. Toda a gente viu que o campo estava muito escorregadio e não era fácil mas acho que, no fim, ambas as equipas estiveram bem”, referiu depois o germânico sobre a goleada por 4-1 frente ao Lusitânia que valeu a passagem à quarta eliminatória.

Agora, segue-se a Liga dos Campeões e uma receção à Real Sociedad que até agora tem sido marcada pela tentativa frustrada de várias dezenas de adeptos bascos de comprarem bilhetes fazendo-se sócios do clube da Luz mas que terá margem nula para o Benfica após os desaires com Salzburgo e Inter. “Será completamente diferente. Uma final? É o que digo sempre, cada jogo na fase de grupos é uma final, especialmente por termos perdido os primeiros dois jogos. Queremos mudar as coisas e sabemos da nossa situação”, referiu.