Se muitos pensavam que o futebol saudita era uma miragem, não falta quem pense que na Arábia Saudita as fábricas de automóveis são coisa rara ou mesmo inexistente. Mas esta imagem não corresponde à realidade e se os bolsos fundos do reino têm o condão de atrair jogadores famosos como Ronaldo, eis que um construtor como a Hyundai decide seguir as pisadas do jogador português ao anunciar que vai juntar uma linha de produção sua às cerca de 160 fábricas que existem no país, ainda que pequenas e algumas apenas CKD (Complete Knock-Down), ou seja, linhas de montagem.

A nova fábrica da Hyundai na Arábia Saudita será capaz de produzir veículos eléctricos, bem como outros equipados com motores de combustão. O investimento total ronda os 500 milhões de dólares (cerca de 473 milhões de euros), mas os sul-coreanos suportarão apenas uma parte, uma vez que o Fundo Público de Investimento saudita (PIF, de Public Investment Fund) arcará com o resto.

O PIF assumirá 70% da propriedade da fábrica, com a Hyundai a manter os restantes 30%, sendo obviamente responsável por tudo o que diga respeito à parte técnica e comercial da fábrica. O objectivo desta nova fábrica dirigida pela Hyundai é produzir 50.000 veículos por ano, estando previsto entrar em funcionamento em 2026.

Este novo investimento faz parte da estratégia dos sauditas para se prepararem para um futuro pós-petróleo, atraindo fábricas e investimento para criar uma economia independente da extracção de combustíveis fósseis. A fábrica de automóveis do construtor sul-coreano é apenas a mais recente a ser construída na Arábia Saudita, o que levou o CEO da Hyundai, Jaehoon Chang, a dizer que a marca está “entusiasmada com o potencial desta associação para avançar com a produção de veículos de forma sustentável e com preocupações ambientais na região”.

Curiosamente, poucas semanas antes do anúncio do investimento da Hyundai, um outro construtor, a startup norte-americana especializada em veículos eléctricos Lucid Motors, viu a sua primeira fábrica fora dos EUA iniciar a produção de carros a bateria na Arábia Saudita. De recordar que o PIF investiu 9 mil milhões de dólares na Lucid, o que lhe permite controlar 60% do construtor.

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