Muda a hora, não muda o tempo. Portugal vai continuar a ser atingido por uma série de frentes chuvosas, o famoso comboio de tempestades, ao longo da próxima semana. Mas o mau tempo vai fazer-se sentir-se em força este fim de semana, sobretudo domingo: o país está todo sob alerta para chuva intensa, com avisos laranja para o Porto, Braga e Viana do Castelo e amarelo para os restantes distritos do país, devido à depressão Celine.

A Celine é a terceira tempestade de grande impacto desta temporada (depois da Aline e da Bernard) e foi batizada pelo Meteo-France. Vai ficar centrada a oeste das Ilhas Britânicas e é ela que trará para o nosso país a superfície frontal fria que agravará o estado do tempo.

Choverá muito já este sábado, mas só no norte, onde o vento também soprará forte, com rajadas que podem ir além dos 70 km/h. Os avisos laranja para os três distritos nortenhos são válidos já para este sábado das 9h00 até às 3h00 de domingo. Há alertas amarelos para Vila Real, Bragança, Aveiro, Viseu e Coimbra das 15h00 e sábado às 12h00 de domingo. Para Lisboa, Leiria, Castelo Branco e Setúbal, as horas mais graves serão entre as 3h00 da manhã de sábado e a 00h00 de domingo. E para Évora, Beja e Faro das 15h00 de domingo às 6h00 já de segunda-feira.

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Para a costa há também alertas. Laranja e amarelo.

Domingo a coisa piora. E muito. Primeiro porque esta primeira frente depressionária húmida estende-se até à primeira metade do país ao longo da longa madrugada de mudança da hora e durante a manhã. Depois, porque à tarde deverá chegar uma outra tempestade continente e esta pode trazer de novo associado um rio atmosférico, que obrigará por certo o IPMA a atualizar os atuais alertas. As previsões dos modelos meteorológicos atuais apontam para chuva torrencial.

Por isso a Proteção Civil já acionou também todos os alertas e avisou a população para o risco de inundações rápidas e derrocadas.

Proteção Civil alerta para risco de inundações e cheias durante o fim de semana

O problema, uma vez mais, vem do facto desta depressão da tarde de domingo, dia 30, surgir em latitudes mais baixas, causando primeiro mau tempo na Madeira (toda em alerta laranja) e encaminhando-se depois para a Península Ibérica. No percurso, ganhará obviamente energia ao viajar pelas águas quentes (nunca antes atingiram temperaturas tão altas) desta zona do Atlântico e empurrada pelos ventos dos ex-furacões (agora tempestades tropicais) que se aproximaram das Caraíbas e que lhe deram enormes quantidades de vapor de água.

Soma-se a tudo isto o mesmo problema das últimas semanas: a Península Ibérica continua sob o forte efeito de um fluxo polar extremo (jet stream), os ventos que giram à volta do polo norte a enormes velocidades (300 a 500 km/h ou mais), e a grande altitude (7 a 10 km de altura) mas nem sempre de forma constante. O que se tem passado é exatamente uma ondulação desse fluxo que desceu e está a permitir a contínua entrada de tempestades com esta particularidade: como em altitude o vento é muito rápido e gelado e as tempestade surge em zonas baixas e com ventos quente e vapor de água vindo das Caraíbas, arrastado por ventos que a posição do anticiclone dos Açores está trazer do norte de África.

O cenário perfeito para que este comboio de tempestades, apesar de ser algo normal para esta altura do ano, estar a ser anormal pela sua frequência e intensidade.

Durante a próxima semana o tempo instável deve manter-se e entrar assim em novembro. Melhorias, só mesmo, e com um grande talvez, no famoso verão de S. Martinho.

texto atualizado com o nome da tempestade