Com os veículos eléctricos, foi colocada nas mãos dos condutores uma série de novos sistemas destinados a tornar mais simples e segura a sua tarefa, seja ajudando a guardar a distância de segurança ao carro da frente, a manter-se entre as linhas da faixa de rodagem ou até a estacionar sem ter de colocar as mãos no volante. E, juntamente com os sistemas de ajuda à condução, vieram igualmente as câmaras, os sensores e a possibilidade de gravar tudo o que acontece a bordo e enviar directamente para o construtor, o que mudou a capacidade dos condutores serem demasiado “criativos” na hora de explicar os acidentes em que se envolviam.

Devido ao Autopilot, um sistema de Nível 2 de condução autónoma, em que o condutor tem estar atento e pronto a assumir o comando, a Tesla tem sido a mais visada por queixas que apontam os veículos e os respectivos automatismos como únicos responsáveis em acidentes por, por exemplo, não terem travado quando deviam ou por acelerar sem que, alegadamente, o condutor tocasse no acelerador. Mas os registos permitem diferenciar mais facilmente entre as reclamações com mérito e as forjadas, o que não implica que instituições oficiais e especializadas em acidentes e defeitos em veículos, como a norte-americana National Highway Traffic Safety Administration (NHTSA), não passem a pente fino todos os casos que envolvem danos mais importantes ou mortos e ferimentos graves. E esta semana foram resolvidos dois destes casos em tribunal.

Em Riverside, na Califórnia, Micah Lee acusou o Autopilot do seu Model 3 de provocar o acidente em que se viu envolvido e de que resultaram ferimentos graves em dois passageiros, exigindo por isso 400 milhões de dólares de compensação. Lee alegou que circulava na auto-estrada quando o carro se despistou e embateu violentamente numa árvore, incendiando-se de seguida. Depois de analisar todo o material recolhido sobre o acidente, o júri deliberou que o condutor estava alcoolizado e não estava a prestar a devida atenção à estrada, pelo que era ele o culpado pelo despiste e ferimentos nos ocupantes.

Na China, 24 horas depois, um outro tribunal resolvia o contencioso entre um influenciador local e a Tesla, depois do primeiro ter acusado o seu Model Y de não obedecer ao travão, depois de acelerar até aos 164 km/h, assim percorrendo 2,6 km até embater numa parede. Acusações a que o construtor respondeu processando o condutor.

Ao longo do trajecto, como se pode ver no impressionante vídeo acima, o influencer atropelou mortalmente duas pessoas e feriu outras três. A polícia chinesa realizou uma investigação forense ao veículo e pediu à Tesla todos dados recolhidos pelas câmaras e sensores, tendo concluído que não havia qualquer problema no SUV eléctrico e que o pedal do acelerador estava a ser pressionado a 100% nos 5 segundos anteriores ao embate. O tribunal condenou o condutor a desculpar-se na rede social em que publicou as acusações e a pagar o equivalente a cerca de 4000€.

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