A Agência Espacial Europeia (ESA) divulgou terça-feira as cinco primeiras imagens do Universo registadas pelo telescópio espacial Euclid, lançado em julho e que tem tecnologia e ciência portuguesa.

Segundo um comunicado da ESA, as cinco imagens a cores – de galáxias, estrelas e de uma nebulosa – revelam que “o telescópio está pronto para criar o mais vasto mapa 3D do Universo, para descobrir alguns dos seus segredos”.

O “portfólio” inclui imagens nítidas e detalhadas do aglomerado de galáxias Perseus, da galáxia espiral IC 342, da galáxia anã irregular NGC 6822, do enxame globular NGC 6397 e da Nebulosa Cabeça de Cavalo.

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Do aglomerado de galáxias Perseus, o telescópio captou mil galáxias que têm em fundo mais de 100 mil outras galáxias, mais distantes.

A ESA realça que “muitas destas galáxias, indistintas, nunca tinham sido vistas anteriormente”, sendo que “algumas delas estão tão distantes que a sua luz demorou dez mil milhões de anos” a chegar à Terra.

De acordo com os astrónomos, o grupo de galáxias Perseus, localizado a 240 milhões de anos-luz da Terra, só se pode formar se a matéria escura (matéria invisível, que não emite nem absorve luz) estiver presente no Universo.

O enxame globular NGC 6397 é o segundo do género mais próximo da Terra, a cerca de 7.800 anos-luz. Como todos os enxames globulares, o NGC 6397 reúne centenas de milhares de estrelas que “se mantêm juntas devido à gravidade”.

“Estas estrelas desvanecidas contam-nos a história da Via Láctea e onde se encontra matéria escura”, salienta a ESA.

Na Nebulosa Cabeça de Cavalo, um “viveiro”de estrelas localizado na constelação Oríon, os astrónomos esperam encontrar “muitos planetas com a massa de Júpiter, nunca antes vistos, na sua infância celestial”, bem como “objetos anões castanhos jovens e estrelas jovens”.

Posicionado a 1,5 milhões de quilómetros de distância da Terra, o telescópio Euclid vai observar, durante seis anos, milhares de milhões de galáxias (sobre as quais a matéria e a energia escuras geram efeitos na sua estrutura, forma, distribuição, movimento e evolução) em mais de um terço do céu e “recuando” até 10 mil milhões de anos-luz.

Juntas, a energia escura e a matéria escura compõem 95% do Universo que continua por desvendar.

A missão da ESA é a primeira que foi concebida para tentar compreender o que está efetivamente a acelerar a expansão do Universo e que, segundo as teorias cosmológicas, se deve à energia escura, uma misteriosa força que se opõe à atração gravitacional.

O Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço está envolvido no planeamento das cerca de 50 mil observações de galáxias que o telescópio vai fazer ao longo da sua missão.

Empresas portuguesas produziram diversos componentes do telescópio espacial.

Pela primeira vez, Portugal ocupa um lugar de destaque numa missão espacial da ESA ao fazer parte de um consórcio que foi criado para desenvolver, construir e explorar o telescópio.

As primeiras observações científicas de rotina do Euclid são esperadas no início de 2024 e os primeiros dados em dezembro do mesmo ano.

Euclid é o termo em inglês para Euclides, nome do matemático da Grécia antiga considerado o “pai” da Geometria e que a ESA homenageia.