Não são estrelas, não são planetas e “não deviam existir”. A nova descoberta do telescópio James Webb vai contra tudo o que os cientistas alguma vez estudaram. E não é apenas o tamanho dos objetos encontrados junto à Nebulosa de Orion que desafia os limites da física, como também a forma como se movem.

A European Space Agency (ESA) anunciou esta segunda-feira que captou 42 objetos no espaço, a que apelidou de JuMBOs, abreviatura para Jupiter Mass Binary Object, que podem dar origem a uma nova categoria de astros.

Isto porque os JuMBOs, que devem ter cerca de um milhão de anos, “são demasiado pequenos para serem estrelas”, mas também não podem ser considerados planetas por “não orbitarem nenhuma estrela”. E ainda há outra particularidade: movem-se aos pares.

Apesar de já haver teorias para a formação dos objetos, nenhuma delas compreende o porquê desta forma de movimento. Uma diz que os JuMBOs podem ter sido criados numa região da nebulosa, “onde a densidade de material era insuficiente para formar estrelas direitas”, e outra diz que podem ter nascido “em torno de estrelas que depois as expulsaram para o espaço”.

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“Esta hipótese é a favorita neste momento”, disse o professor Mark McCaughrean, da ESA, à BBC News. “A física dos gases sugere que não devia ser possível conseguir criar objetos com a massa de Júpiter por si só, e sabemos ainda que os planetas individuais podem ser expulsos dos sistemas estrelares. Mas como é que se expulsam pares destes objetos juntos?”, perguntou.

“Seria como atirar uma chávena de chá para o outro lado da sala e os cacos a aterrar todos juntos”, apontou Samuel Pearson, cientista da mesma agência.

Ainda que as respostas sejam poucas, a descoberta de um objeto tão pequeno no espaço é um grande passo para os cientistas.

Estávamos à procura destes objetos muito pequenos e encontrámo-los. Encontrám-los tão pequenos como uma massa de Júpiter, ou mesmo metade de uma massa de Júpiter, a flutuar livremente, não ligados a uma estrela”, disse, citado pelo The Guardian. “A física diz que nem sequer é possível fazer objetos tão pequenos. Queríamos ver se conseguíamos quebrar a física. E penso que conseguimos, o que é bom”.

Os JuMBOs estão localizados a 1.350 anos-luz da Terra, estando separados por cerca de 200 vezes da distância entre a Terra e o Sol, “orbitando em trajetórias que demoram mais de 20 mil anos a completar”, explicou o jornal The New York Times.