A WeWork, empresa que aluga espaços de cowork e que chegou a valer 47 mil milhões de dólares, entrou com um pedido de insolvência nos EUA e no Canadá, com o objetivo de conseguir negociar com os credores uma “redução significativa” da sua dívida e reestruturar as suas atividades.

Em comunicado divulgado esta segunda-feira de madrugada, a firma detalha que as filiais fora dos EUA e do Canadá não serão afetadas, sendo “esperado que as operações globais continuem como habitualmente”. Ao Observador, um porta-voz confirma que “as operações em Portugal não fazem parte deste processo e a atividade mantém-se”. “A WeWork veio para ficar e planeamos permanecer na grande maioria dos mercados à medida que olhamos para o futuro. O nosso foco está nos nossos clientes e em garantir que continuaremos a oferecer os melhores produtos e espaços”, acrescenta.

A empresa afirma que chegou a um acordo de apoio à reestruturação com a maioria dos seus credores (92%) para que seja possível converter 3 mil milhões de dólares em empréstimos e obrigações existentes em ações da empresa. O Financial Times explica que a declaração de falência foi feita através do Chapter 11 dos Estados Unidos, um mecanismo que permite que a empresa rescinda antecipadamente os contratos de arrendamento, com poucas penalizações financeiras, porque vai reestruturar mais de 13 mil milhões de dólares em obrigações de arrendamento.

A WeWork decidiu declarar falência devido a perdas financeiras, à diminuição do número de pessoas que recorrem aos espaços que aluga desde a Covid-19 (devido à popularidade que o trabalho remoto ganhou) e a necessidade de liquidez. O CEO da empresa, David Tolley, diz estar “profundamente grato pelo apoio dos acionistas”, numa altura em que trabalham “em conjunto para reforçar a estrutura de capital e acelerar este processo”.

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Chegou a valer 47 mil milhões, agora não sabe se sobrevive. WeWork, empresa presente em Portugal, tem “dúvidas substanciais” sobre o futuro

Os rumores de que a WeWork planeava entrar com um pedido de proteção contra credores no início desta semana começaram a surgir há alguns dias. A agência Reuters, que foi um dos meios de comunicação que deu a notícia, notou que os boatos levaram as ações da empresa a cair quase 50%, para um valor mínimo que nunca tinha atingido até então.

Em agosto, a firma já tinha avisado que tinha “dúvidas substanciais” sobre o seu futuro e a sua capacidade de continuar a operar devido aos “níveis de liquidez”, à necessidade de angariar capital e à diminuição da procura devido à “volatilidade macroeconómica”. Nessa altura, a WeWork — que contava com mais de 512 mil clientes nos seus espaços partilhados em mais de 33 países de todo o mundo — tinha indicado que não existiria “qualquer impacto imediato nas operações em Portugal”. O primeiro e único espaço de trabalho flexível disponível no mercado português foi aberto no ano passado em Lisboa, na Rua Alexandre Herculano, e continuará a operar com normalidade.

Se outrora, em 2019, chegou a estar avaliada em 47 mil milhões de dólares, o atual valor de mercado da WeWork é de 44,49 milhões de dólares, de acordo com o site MarketWatch, que indica também que até este ponto do ano as ações da empresa já desvalorizaram 98,54%. Após o anúncio da WeWork de que iria declarar falência, a negociação das suas ações foi suspensa.