Em comunicado enviado à agência Lusa, a autarquia alentejana indicou que o orçamento para o próximo ano “foi chumbado pelos vereadores do PSD e da CDU”, após a proposta ser apresentada, na quinta-feira, em reunião de câmara.

Contactada pela Lusa, o vice-presidente do município, Valentino Salgado Cunha (PS), alertou para as consequências do chumbo, assinalando que os projetos previstos ficam “sem enquadramento orçamental e financeiro necessário para avançar”.

“Vamos tentar negociar ao máximo, mas também temos que compreender que não podemos deixar de ter um orçamento que seja confortável para o município e abdicar das propostas da gestão PS e aceitar tudo aquilo que a oposição nos exige”, afirmou.

Salientando que “uma negociação tem que ser um encontro a meio da ponte”, o autarca socialista considerou que, se a gestão PS “faz cedências para chegar a um entendimento, os partidos da oposição também têm fazer algumas cedências nas suas propostas”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Independentemente de a oposição aceitar ou não as novas propostas de orçamento, vamos fazer ao máximo para cumprir os nossos objetivos para 2024 e, se formos bloqueados sucessivamente, também o demonstraremos à população”, sublinhou.

Também em declarações à Lusa, o vereador do PSD Ricardo Videira explicou que os sociais-democratas votaram contra por entenderem que a gestão PS revela “grande incapacidade em executar aquilo com que se compromete até do seu próprio programa”.

“Isso leva-nos a ter pouca confiança na capacidade de executar aquilo que propõem para 2024, que é a repetição de muitos dos projetos de 2023”, frisou, dando como exemplo o caso da Estratégia Local de Habitação.

Tecendo críticas à gestão de recursos humanos e ao modelo de desenvolvimento económico adotados pelo PS, o vereador Ricardo Videira realçou que na proposta agora chumbada não constavam “muitas propostas do PSD”, como incentivos à fixação de médicos.

“Estamos sempre disponíveis para negociar, mas dependerá da flexibilidade do PS para acolher as nossas recomendações e rever alguns procedimentos que em 2023 não correram bem”, sublinhou.

Já o único vereador eleito pela CDU Tiago Aldeias disse à Lusa ter votado contra o orçamento municipal por não serem incluídas propostas que, ao longo do mandato, tem apresentado e cuja “grande maioria merece a concordância de PS e PSD”.

“O orçamento tem levado cortes nas receitas, por iniciativa do PSD, tanto pela redução da derrama, como pela aplicação do IMI [Imposto Municipal sobre Imóveis] familiar apenas a algumas famílias e que nem são as que teriam necessidade”, criticou.

Tiago Aldeias manifestou-se igualmente contra a entrega da gestão do serviço de coveiros a uma empresa privada e “o gasto de dinheiros em obras que não são as prioritárias”.

“Enquanto as nossas propostas não forem incluídas em orçamento com o objetivo de a por em prática, é difícil mudar o nosso sentido de voto”, acrescentou.

No comunicado, a Câmara de Vendas Novas referiu que o orçamento tinha sido reforçado em 7% face ao deste ano e enumerou algumas das medidas que pretendia desenvolver e que, agora, com a rejeição, estão em risco.

O executivo camarário é composto por dois eleitos do PS, outros dois do PSD e um da CDU.