O candidato à liderança do PS Pedro Nuno Santos afirmou este domingo que o seu foco é “vencer as eleições”, mas indicou que se houver condições para os socialistas liderarem uma maioria após as legislativas, “assim será”.

“O nosso foco é vencer as eleições, é sobre esse cenário que trabalhamos. Não trabalhamos sobre mais nenhum cenário, com a certeza de que o PS depois das eleições fará tudo para construir uma maioria de Governo em Portugal”, afirmou.

Pedro Nuno Santos falava aos jornalistas antes de um encontro com jovens, em Lisboa, e foi questionado sobre os cenários de governação caso o PS não vença as eleições, mas exista uma maioria parlamentar de esquerda.

“O que aconteceu em 2015 [a geringonça] teve, como é sabido, todo o meu apoio, e se houver condições para liderarmos uma maioria, assim será”, garantiu.

O candidato à liderança do PS disse que “os cenários são possíveis”, mas salientou que aquele em que está focado é numa vitória”, com a “certeza de trabalhar para construir uma solução de governo”.

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O antigo ministro das infraestruturas quis também recusar a ideia de que “os portugueses preferem” José Luís Carneiro à frente do PS.

“Aquilo que nós sabemos do ponto de vista interno é que a nossa candidatura tem conseguido mobilizar a maioria esmagadora dos nossos militantes, mas sabemos também, daquilo que são os métodos mais científicos que temos ao nosso dispor, que a maioria dos portugueses prefere a nossa candidatura e o nosso projeto”, salientou.

Pedro Nuno Santos disse que, de quatro sondagens, a sua candidatura está “claramente à frente” em três, e na outra é “a candidatura preferida do eleitorado que votou o Partido Socialista em 2022”.

“Portanto, daquilo que nós podemos saber com alguma certeza é que, ao contrário daquilo que diz o meu adversário interno e o próprio PSD, a maioria do povo português prefere a nossa candidatura e o nosso projeto”, defendeu.

O candidato apontou ainda que tanto José Luís Carneiro como o PSD tentam classificá-lo como radical, mas que “há muita confusão em Portugal entre ser radical e ter convicções”.

“Eu queria dizer que eu não sou nem radical nem moderado, eu sou socialista, ponto número um, e, ponto número dois, tenho convicções. E é no quadro da responsabilidade que quero concretizar essas convicções. Não é radicalismo, é ter convicções”, salientou.

O deputado socialista recusou também ser impulsivo, referindo que “arrastar os pés” não é uma característica sua, e indicou tratar-se de “capacidade de decisão”.

Pedro Nuno Santos desvalorizou ainda o apoio do líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, ao seu opositor José Luís Carneiro: “Cada deputado vale um voto, nós temos dois terços, isso é o mais importante”.

TGV é “um dos projetos mais estruturantes” para Portugal

Ainda este domingo, o candidato à liderança do PS indicou que a construção da linha de alta velocidade entre Lisboa e Porto é “um dos projetos mais estruturantes para o país” e deve tornar-se uma realidade rapidamente.

Questionado se está pronto para dar luz verde ao concurso do TGV, o antigo ministro das Infraestruturas respondeu que o fará “sem nenhuma hesitação” e que “quanto mais depressa, melhor”.

“Esse é um dos projetos mais estruturantes para o país, foi comigo que iniciámos esse processo, e nós já estamos atrasados demasiados anos”, considerou, defendendo que “o Governo tem todas as possibilidades, toda a legitimidade para avançar com um projeto que já se iniciou há algum tempo e que precisa de ser posto no terreno rapidamente”.

Já numa intervenção perante jovens socialistas, Pedro Nuno Santos elegeu como prioridades o emprego, a habitação, a mobilidade e o custo de vida.

No que toca ao emprego e aos salários, o ex-ministro considerou que constitui “a maior batalha” e implica o crescimento e a modernização da economia, e recusou que a redução do IRC seja a solução para os problemas económicos, como propôs o PSD.

No que toca à habitação, Pedro Nuno Santos defendeu a necessidade de aumentar a oferta pública e considerou que estas habitações não se devem destinar apenas à população mais carenciada, mas também à classe média.

O antigo ministro das Infraestruturas considerou que é necessário ir mais longe do que a meta estabelecida pelo Governo de duplicar o número de camas em residências públicas, e propôs um levantamento das necessidades que permita dar resposta às “reais necessidades” dos estudantes deslocados.

O ex-governante defendeu também ser necessário “alargar o nível e gratuitidade do ensino superior”, passando pelas propinas, e propôs o alargamento da gratuitidade dos transportes públicos para todos os jovens.

Quando falava aos jornalistas, Pedro Nuno Santos foi questionado também sobre a possibilidade de um despedimento coletivo na Global Media.

“A nossa preocupação é com a comunicação social em geral, e o grupo TSF, Diário de Notícias (DN), Jornal de Notícias (JN), é um grupo muito importante da nossa comunicação social, um grupo credível, que é muito importante que consiga ter sucesso e ter saúde, e é por isso que nós pugnamos”, afirmou.

O socialista considerou que a democracia “precisa de órgãos de comunicação social fortes”, destacando que a TSF, o DN e o JN “são três órgãos de comunicação social muito importantes, com elevado nível de credibilidade e de confiança junto dos portugueses”.

“E nós torcemos para que o grupo consiga passar por esta fase mais difícil e consiga continuar a servir a nossa democracia, como tem feito até agora”, acrescentou.

Antes da intervenção de Pedro Nuno Santos perante os jovens socialistas, o secretário-geral da Juventude Socialista (JS), que abriu esta apresentação da candidatura, manifestou o seu apoio e disse que o candidato conta com o apoio dos 10 deputados da JS.

Miguel Costa Matos manifestou “orgulho” no candidato, que disse ser “convicto, mobilizador, unificador do partido”.

O líder dos jovens socialistas considerou também que Pedro Nuno Santos é “um líder que faz” e “que une”.

“Hoje sabemos que da esquerda à direita do nosso partido, todos os socialistas podem unir-se em torno deste Portugal inteiro [o slogan da candidatura] e do grande líder que é Pedro Nuno Santos”, defendeu.

O primeiro-ministro confirmou na sexta-feira a intenção de lançar o primeiro concurso para a construção da linha de alta velocidade entre Lisboa e Porto em janeiro se houver acordo do líder do PSD.

“Em janeiro, tudo estará pronto para poder lançar o concurso, mas tendo em conta a atual situação política, o concurso só será lançado se o futuro líder do PS e o atual líder do PSD derem luz verde”, disse António Costa, no Dubai, onde esteve a participar na 28.ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP28).

O projeto de alta velocidade Lisboa-Porto, com um custo estimado de cerca de 4,5 mil milhões de euros, prevê uma ligação entre as duas cidades numa hora e 15 minutos, com paragem possível em Leiria, Coimbra, Aveiro e Gaia.

Paralelamente, está também a desenvolver-se a ligação Porto-Vigo, dependente da articulação com Espanha, com nova ligação ao Aeroporto Francisco Sá Carneiro e troço Braga-Valença (distrito de Viana do Castelo).