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Gyökeres, o jackPote a caminho de ser Euromilhões (a crónica do Sporting-Gil Vicente)

Amorim faz terapia para recuperar uma taluda da sorte chamada Pedro Gonçalves enquanto vê um autêntico bilhete de lotaria chamado Gyökeres ganhar jogos como, quando e onde a equipa precisa (3-1).

Viktor Gyökeres bisou pela quarta vez, chegou aos 15 golos na época (além de cinco assistências) e é o segundo melhor marcador da Liga só atrás de Banza
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Viktor Gyökeres bisou pela quarta vez, chegou aos 15 golos na época (além de cinco assistências) e é o segundo melhor marcador da Liga só atrás de Banza

Carlos Rodrigues

Viktor Gyökeres bisou pela quarta vez, chegou aos 15 golos na época (além de cinco assistências) e é o segundo melhor marcador da Liga só atrás de Banza

Carlos Rodrigues

As palavras de Rúben Amorim não servem propriamente para ganhar jogos ou ultrapassar dificuldades mas têm o condão de balizar aquilo que se pode esperar de um qualquer encontro. Primeiro, pela forma sempre pragmática com que aborda todas as questões (a que quer responder). Depois, pela maneira como consegue desdramatizar o que pode ser mau e desvaloriza o que corre o risco de cair no excessivamente bom. Por fim, e mais importante do que tudo, pela visão que tem da equipa. Comparar aquilo que dizia na última temporada e o que afirma esta época é quase entrar numa realidade oposta mesmo que nem todos os resultados vão ao encontro do pretendido. Era à luz dessa premissa que o Sporting chegava à receção ao Gil Vicente, num jogo que poderia valer a liderança isolada após o empate do Benfica em Moreira de Cónegos e antes do ciclo complicado a fechar a primeira volta que terá uma viagem a Guimarães e a receção ao FC Porto.

Sporting vence Gil Vicente com bis de Gyökeres após reviravolta e isola-se na liderança do Campeonato

“Fomos a melhor equipa nos jogos com o Benfica e com a Atalanta. Não ganhámos e foi por isso que falei da mentalidade. A verdade é que as equipas que ganham mais títulos são equipas que, mesmo não jogando bem, arranjam sempre maneira de ganhar. Também falei que há coisas que não se explicam… Quando a bola bate nos dois postes não é uma questão de mentalidade. Disse que gostamos de complicar porque às vezes temos o jogo controlado e acabamos por sofrer um pouco. Faz parte da identidade da equipa mas somos competentes e competitivos. Na temporada passada não fomos porque no inicio perdemos pontos e depois não tivemos capacidade. Estamos bem no Campeonato. Devíamos ter ganhos os últimos dois jogos [sem contar com a goleada ao Dumiense na Taça de Portugal]. É emendar esses erros”, frisou, tendo como contexto o pós-jogo frente aos transalpinos em Bérgamo em que assumiu um “gosto” estranho em complicar.

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“Tivemos estofo em todos os jogos até agora. Quanto a mim fomos a melhor equipa nos últimos dois e não conseguimos ganhar. Acho que, neste momento, estamos mais preparados para esses jogos. No primeiro ano, quando fomos campeões, perdemos um jogo, na Luz, quando já éramos campeões, e não tínhamos, nem de perto nem de longe, o estofo que temos hoje. Penso que não ganhamos há dez clássicos e isso é culpa do treinador, mas quando o treinador começou ganhou cinco clássicos um bocadinho sem saber ler nem escrever. Nessa altura não pensei que era melhor, como agora não penso que não podemos ganhar. Que hoje temos mais estofo, acho que é claro. Cabe-me não olhar só para os resultados. Quando saí do Dragão no primeiro ano, saí com uma sensação que o FC Porto foi melhor e nós tivemos sorte. Penso agora o mesmo na Luz. Claro que não é tudo azar, falta qualquer coisa”, acrescentou ainda, rebobinando o filme até à última jornada do Campeonato em que o Sporting consentiu a reviravolta em período de descontos na Luz.

Apesar desse contratempo, naquela que foi a primeira e única derrota em provas nacionais até ao momento, o Sporting fechava a 12.ª jornada a poder isolar-se no topo da classificação com 31 em 36 pontos possíveis, sendo que pela frente tinha não só uma equipa com grande facilidade em surpreender “grandes” e marcar golos como um treinador, Vítor Campelos, que sabia o que era ganhar em Alvalade depois de surpreender na última temporada no comando do Desp. Chaves. O que faltava? Anular a tal “coisa” que ainda faltava numa equipa que melhorou a olhos vistos com o crescimento de Diomande, a maturidade de Hjulmand e a enorme qualidade de Gyökeres e que ia conseguindo superar quase todos os obstáculos a nível nacional mesmo tendo um Pedro Gonçalves com rendimento intermitente. E foi sobre o médio/avançado que Amorim mais falou na conferência de imprensa de antevisão, “defendendo” tudo aquilo que fez desde que chegou aos leões.

“Se falei com o Pote? Não falei nada. São fases. Já teve fases boas e agora está a passar esta em que não consegue marcar. Tem muita exigência sobre ele. Faz parte. É difícil corresponder ano após ano. Gosto de tudo o que o Pote faz porque é inteligente e ajuda a equipa. Está a sofrer o sucesso que teve e tem que apanhar o comboio outra vez. Certamente que vai apanhar. Quando a primeira entrar tudo começa a ser mais fácil. É uma fase em que chamamos à atenção para o aspeto tático, porque o psicológico é difícil e só quando a bola a entrar é que as coisas melhoram”, referiu sobre o internacional português que teve nos pés em três ocasiões a possibilidade de colocar o Sporting no primeiro lugar do grupo da Liga Europa.

Quando se olha para o rendimento de Pedro Gonçalves por estes dias, não o reconhece em muitos aspetos. Porque remata menos, porque tem uma influência menor, porque deixou de ser aquela taluda da sorte que aparecia sempre como um trevo no meio do relvado quando o Sporting mais precisava. No entanto, Rúben Amorim vê aquilo que muitas vezes passa despercebido em Pedro Gonçalves. Porque continua a criar os desequilíbrios quando recua no relvado, porque vai fazendo assistências, porque defende mais e melhor a fechar à esquerda. Tem tempo para fazer essa terapia, sabe que necessita dessa terapia. Tudo porque, nesta que é a melhor e mais completa versão do futebol do técnico desde que chegou a Alvalade, existe um bilhete de lotaria chamado Viktor Gyökeres, um humilde avançado sueco que fez mais um bis, teve ainda dois golos anulados mas acabou a dizer que podia fazer mais. Que o número 9 está a caminho de ser um Euromilhões a justificar o investimento, ninguém tem dúvidas. Ainda assim, continua a surpreender. E a forma como frente aos minhotos voltou a responder como, quando e onde a equipa precisava mostra essa evolução.

Ficha de jogo

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Sporting-Gil Vicente, 3-1

12.ª jornada da Primeira Liga

Estádio José Alvalade, em Lisboa

Árbitro: Cláudio Pereira (AF Aveiro)

Sporting: Adán; Diomande, Coates, Gonçalo Inácio (St. Juste, 46′ e Eduardo Quaresma, 67′); Ricardo Esgaio (Geny Catamo, 46′), Hjulmand, Morita, Nuno Santos (Matheus Reis,46′); Marcus Edwards, Pedro Gonçalves (Paulinho, 84′) e Gyökeres

Suplentes não utilizados: Franco Israel, Neto, Dário Essugo e Francisco Trincão

Treinador: Rúben Amorim

Gil Vicente: Andrew; Zé Carlos, Né Lopes, Rúben Fernandes, Kiko (Buta, 72′); Domínguez (Matim Neto, 60′), Pedro Tiba; Fujimoto, Miguel (Baturina, 60′), Murilo (Tidjany Toure, 72′) e Félix Correia (Alipour, 87′)

Suplentes não utilizados: Brian, Marlon, Gabriel Pereira e Mory Gbane

Treinador: Vítor Campelos

Golos: Rúben Fernandes (34′), Pedro Tiba (43′, p.b.) e Gyökeres (52′ e 56′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Ricardo Esgaio (39′), Matheus Reis (58′), Marcus Edwards (59′), Rúben Fernandes (71′) e Coates (75′)

Olhando para aquilo que os números apresentavam antes do apito inicial, as contas poderiam ser fáceis de fazer: o Sporting tinha ganho todos os jogos em casa, o Gil Vicente tinha perdido todos os jogos fora, ambos os conjuntos têm tendência para marcar muitos golos. No entanto, muitas vezes os números também podem trazer visões mais distorcidas, com os minhotos a apresentarem-se a Alvalade com linhas subidas, apostados em chegar à baliza de Adán e sem medo de pressionar mais alto quando era possível para condicionarem a primeira fase de construção dos leões, que traziam Coates, Nuno Santos e Marcus Edwards de novo ao onze. No entanto, entre essas linhas sem bola que se transformavam os visitantes num 5x4x1 com Félix Correia a fechar à direita com Zé Carlos ao meio, a primeira grande oportunidade foi para os lisboetas com Gyökeres a recuar para abrir espaço à direita para a entrada de Ricardo Esgaio e o jogador formado em Alcochete cedido pela Juventus aos gilistas a surgir de carrinho ao segundo poste a tirar o golo a Morita (3′).

[Clique nas imagens para ver os melhores momentos do Sporting-Gil Vicente em vídeo]

O Sporting via-se obrigado não só a jogar rápido mas também a fazer prevalecer a habtiual mobilidade das unidades ofensivas para criar desequilíbrios que trouxessem os espaços que faltavam no último terço e foi assim que nasceu mais um lance de muito perigo, com Pedro Gonçalves a recuar no terreno para trabalhar com Hjulmand antes de Edwards assistir Gyökeres para um golo invalidado por meros… 23 centímetros (9′). O jogo começava a inclinar para os leões apesar de um “susto” pouco depois num remate falhado de Miguel Monteiro após um grande passe de Félix Correia (13′), sendo que esse ascendente não tinha consequências práticas a nível de remates entre algumas ameaças na sequência de bola parada. Rúben Amorim sabia os problemas que os minhotos têm sentido nos esquemas táticos defensivos e apostava nessa via para chegar ao caminho do golo mas acabou por sofrer do próprio “veneno” já depois da meia hora inicial: livre lateral à direita do ataque batido por Murilo e desvio de cabeça de Rúben Fernandes a fazer o 1-0 (34′).

Contra a corrente do jogo, o Gil Vicente teve o mérito de fazer aquilo que o Sporting não conseguiu ao longo de toda a primeira parte, enquadrou um remate e foi feliz. E essa vantagem deu uma maior confiança com bola aos visitantes, tendo nos minutos que se seguiram posses mais longas perante alguma impaciência que se começava a sentir dentro e fora do relvado. Contudo, os leões acabaram por ser felizes ainda antes do intervalo, chegando ao empate na sequência de um autogolo de Pedro Tiba após remate de pé direito de fora da área de Nuno Santos desviado de forma inadvertida pelo médio para a própria baliza num lance que teve muitos protestos dos minhotos numa disputa entre Esgaio e Murilo na direita (43′). Pedro Gonçalves, num desvio ao primeiro poste, ainda ameaçou a reviravolta mas a primeira parte chegaria mesmo com o 1-1 no marcador e essa particularidade “anormal” de haver mais golos do que remates enquadrados.

Rúben Amorim não demorou e fez logo uma tripla alteração ao intervalo, mudando os dois alas e o central que estava à direita com as saídas de Esgaio, Nuno Santos e Gonçalo Inácio para as entradas de Geny Catamo, Matheus Reis e St. Juste. As alterações permitiram outras nuances como a possibilidade de Marcus Edwards jogar de forma mais assumida por dentro com o moçambicano a dar a largura e o neerlandês a ter outra capacidade de sair com bola ou o adiantamento dos dois médios centro mas foi sobretudo a mudança de atitude e a agressividade no último terço que fizeram a diferença num período em que o Gil Vicente quase não saiu do seu meio-campo. Andrew, com uma grande defesa após remate de Marcus Edwards na área, ainda evitou a reviravolta (48′) mas bastariam quatro minutos para Gyökeres “fechar” o jogo: primeiro apareceu na área a aproveitar um ressalto em Félix Correia para rematar de primeira entre os protestos dos minhotos por uma possível falta de Zé Carlos (52′), depois só teve de encostar na pequena área depois de uma assistência de Pedro Gonçalves numa jogada de envolvimento que passou ainda por Marcus Edwards (56′).

É esta a vantagem do Sporting em relação ao sueco. Golos à parte, Gyökeres interpreta o papel que a equipa necessitar, quando necessitar e onde necessitar, sendo que a presença de Edwards mais próximo de si em terrenos centrais não só dá outro tipo de movimentos ao avançado como melhora aquilo que o próprio Pedro Gonçalves consegue fazer a partir da esquerda. Perante isso, e face à incapacidade de o Gil Vicente mostrar argumentos para reentrar no encontro, o 4-1 esteve sempre mais próximo do que o 3-2, com o nórdico que jogava no Coventry a chegar ainda ao hat-trick que foi anulado em mais um lance em que partiu ligeiramente à frente da linha defensiva dos minhotos (67′). Tidjany Toure ainda teve um remate com algum perigo mas a história do encontro estava escrita e com duas notícias más para a formação verde e branca na parte final, com St. Juste a sair de novo lesionado e Coates a ver o quinto amarelo que o deixará de fora no próximo encontro em Guimarães, uma das equipas que está em melhor momento no Campeonato.

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