No final de agosto, quando o sorteio da fase de grupos da Liga dos Campeões ditou que o Sp. Braga iria cruzar com Real Madrid e Nápoles, foi fácil antecipar que os minhotos teriam vida difícil — ou quase impossível — para seguir para os oitavos de final. O mesmo Sp. Braga, porém, nunca assumiu o papel de vítima, de David contra Golias ou de azarado. Arregaçou as mangas e esta terça-feira, na última jornada, dependia apenas de si mesmo para conquistar o apuramento.

Com as duas derrotas expectáveis contra o Real Madrid, outra contra o Nápoles e um empate e uma vitória perante o Union Berlin, o Sp. Braga defrontava os italianos no Stadio Diego Armando Maradona a precisar de vencer por dois golos de diferença para chegar aos oitavos de final. Qualquer outro resultado, incluindo um triunfo por apenas um golo de vantagem, não chegava. Mas nem a ideia de que nenhuma equipa portuguesa alguma vez tinha vencido em Nápoles era suficiente para demover a ambição minhota.

“A mensagem para os jogadores é muito simples: ambição não nos falta, estamos no tudo ou nada. Aquilo de que mais temos falado é acreditar. Acreditar nas expectativas e ambições, estamos focados no que podemos fazer. Partimos em desvantagem, por causa da questão dos dois golos, o Nápoles foi mais consistente. Mas se ganharmos fazemos sete pontos e igualamos essa consistência. Ambição não falta e estamos todos alinhados com essa ambição. Espero que consigamos lutar, com competência”, atirou Artur Jorge, recordando que a ausência

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O Sp. Braga não podia contar com Niakaté, castigado, e Álvaro Djaló, lesionado, lançando Bruma, Pizzi e Ricardo Horta no apoio mais direto a Simon Banza. Do outro lado, num Nápoles que vinha de três derrotas consecutivas entre Real Madrid, Inter Milão e Juventus, Walter Mazzarri colocava Politano, Osimhen (eleito o melhor jogador africano do ano ainda esta segunda-feira) e Kvaratskhelia no trio ofensivo, deixando Giovanni Simeone no banco de suplentes.

O jogo não podia ter começado pior para a equipa portuguesa: ainda dentro dos primeiros 10 minutos, Serdar Saatçi desviou um cruzamento de Politano para a própria baliza e a defesa de Matheus, já em esforço, não foi suficiente para evitar que a bola cruzasse a linha por completo (9′). Ricardo Horta ainda ficou perto do empate, com um remate forte de fora de área que Meret defendeu (25′), mas o Nápoles acabou mesmo por aumentar a vantagem por intermédio de Osimhen (33′). Ao intervalo, a vida dos minhotos estava ainda mais difícil, já que precisavam de marcar quatro golos em Itália e não sofrer mais nenhum — e da Alemanha surgia a notícia de que o Union Berlin estava a vencer o Real Madrid, algo que atirava o Sp. Braga para fora da Europa.

Artur Jorge mexeu ao intervalo, trocando Pizzi por Abel Ruiz, mas o Nápoles não tirou o pé do acelerador na primeira parte e Politano ficou desde logo muito perto do golo com um remate de fora de área que Matheus defendeu (47′). O Sp. Braga procurou responder, com um remate de Horta para as mãos de Meret (50′) e um pontapé de Bruma que passou por cima da baliza (56′), mas os italianos mantinham tudo sob controlo.

Mazzarri mexeu pela primeira vez à passagem da hora de jogo, para lançar Elif Elmas e Jens Cajuste, e de Berlim chegava a boa notícia de um golo do Real Madrid que voltava a colocar o Sp. Braga na Liga Europa. Artur Jorge trocou Zalazar por Al Musrati a cerca de 20 minutos do fim, Matheus ainda evitou o terceiro golos dos italianos em várias ocasiões e Ricardo Horta, o principal inconformado português, obrigou Meret a mais uma defesa apertada.

No fim, o Sp. Braga não conseguiu marcar em Itália e perdeu com o Nápoles, permitindo o apuramento dos italianos para os oitavos de final da Liga dos Campeões e aproveitando a vitória do Real Madrid em Berlim para ficar no terceiro lugar do grupo e cair para a Liga Europa. Os minhotos levaram o copo cheio de ambição — mas a onda de azar chegou logo nos primeiros 10 minutos e com um autogolo que hipotecou todos os sonhos.