Os chefes da equipa de Medicina Interna do Hospital de Cascais e os assistentes hospitalares com funções de chefes de balcão demitiram-se em bloco numa carta enviada esta segunda-feira ao conselho de administração. A notícia é avançada pela CNN Portugal.

Na carta, os profissionais de saúde consideram que “está em causa a qualidade da atividade assistencial prestada e a segurança dos doentes” e criticam que o rácio médico-doente no Serviço de Observação seja superior ao previsto nos regulamentos e à capacidade do serviço.

Segundo a estação televisiva, os profissionais do Hospital de Cascais, que é gerido em parceria público-privada (PPP), dizem que assistem “de forma progressiva” a uma “degradação das condições de segurança dos doentes admitidos no Serviço de Urgência Geral”. E apontam a “ausência grave de capacidade de resposta aos doentes que recorrem ao Balcão de Medicina, com um impacto completamente disruptivo na atividade do Chefe de Equipa e restantes elementos”.

Os assistentes hospitalares também se queixam da “escassez de condições materiais”, como macas.

Num comunicado enviado às redações, a administração do Hospital de Cascais reconheceu haver “algum descontentamento dos seus profissionais de saúde”, sustentando que a “afluência aos serviços de urgência tem contribuído para uma sobrecarga”. A unidade hospitalar justifica ainda que foi a única da “região de Lisboa a nunca ter fechado, o que acarreta as suas consequentes implicações”.

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Todavia, o hospital “reitera o seu total compromisso com os cuidados de saúde prestados à população que serve mantendo as urgências abertas (adultos, ginecologia-obstetrícia e pediatrica)”.

“Cumpre-nos informar que a administração do Hospital de Cascais, em conjunto com as autoridades competentes, mantém o firme compromisso de encontrar as soluções que minimizem os impactos decorrentes das pressões que o Sistema Nacional de Saúde, no seu conjunto, enfrenta”, frisou.

À agência Lusa, Joana Bordalo e Sá, presidente da Federação Nacional dos Médicos (Fnam) confirmou que “houve uma demissão de todos os chefes de equipa de Medicina Interna, do diretor de Urgência e de um chefe de Balcão”. “O que eles [clínicos] estão ali a passar é uma situação muito difícil, muito dramática. O Hospital de Cascais (…) tem médicos que durante três anos só trabalham nas urgências. Fazem muitas noites — sempre 12 horas — torna o trabalho muito pesado e isto não garante a tratabilidade”, indicou.

“É um problema que não tem a ver com as escusas das 150 horas [extra]. É um problema crónico. Tendo em conta a grande afluência que há, os colegas estão absolutamente exaustos, não aguentam”, acrescentou.