O fim de semana em Espanha, à semelhança do que tem acontecido em Inglaterra ou em França, tem sido marcado pelos vários encontros a contar para a Taça que colocam em muitos casos o Golias contra o David e a deslocação do Real ao terreno do Arandina (uma formação do quarto escalão que ainda hoje se “destaca” pelas piores razões, no seguimento de um caso de violação de uma menor por antigos jogadores em 2017) foi exemplo paradigmático disso mesmo. Se em alguns casos as poupanças não foram muitas, como aconteceu no triunfo do Atl. Madrid frente ao Lugo do técnico português Paulo Alves que obrigou Diego Simeone a tirar do banco as principais estrelas, Carlo Ancelotti não se poupou a rodar a equipa. E ganhou um “reforço”.

Antes da partida, que terminou com o triunfo dos merengues por 3-1 depois do nulo ao intervalo, Courtois acabou por ser o centro das atenções. O experiente guarda-redes, que sofreu uma lesão grave no joelho logo no arranque da temporada e tem estado de fora das opções levando à contratação por empréstimo de Kepa, deu uma explosiva entrevista ao canal belga VRT1 onde explicou a renúncia à seleção. “Todas as pessoas têm uma opinião sobre o tema, é normal. Mas muitos não entenderam o meu ponto de vista. Não se tratava de ser capitão, pouca ou nenhuma discussão tiveram comigo. Senti que não contavam comigo. Talvez tenha tomado a decisão demasiado rápido mas sou um ser humano, com sentimentos, não sou um robô”, atirou, deixando a porta de um regresso aberta mas colocando dúvidas sobre a condição física para este Europeu.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Depois, um outro tema que continua a marcar o quotidiano do Real: as constantes baixas no plantel por lesão, sobretudo no eixo central defensivo. Com Éder Militão de fora também por lesão grave e David Alaba a juntar-se aos indisponíveis, Ancelotti tem um leque de opções mais curto (agora também Lucas Vázquez está de fora, sendo mais um problema para a defesa) mas voltou a reforçar que não será contratado nenhum central no mercado de janeiro, frisando ainda que Tchouaméni poderá de quando em vez ocupar esse lugar mas nunca deixando de ser um médio, quase que respondendo ao alegado “incómodo” do francês.

Assunto não falta no universo do conjunto de Madrid e desta vez nem era preciso chamar Jude Bellingham, inglês que continua a deslumbrar tudo e todos em Espanha e que teve mais um gesto que não passou ao lado de ninguém ao chamar um apanha bolas durante o jogo com o Arandina para lhe dar a manta que tinha no banco, após aperceber-se que a criança estava a acusar o frio no Estádio El Montecillo. Foi nesse recinto que uma das maiores promessas do Real fez a sua estreia oficial pelo clube, depois de um calvário longo de problemas físicos desde que chegou ao Santiago Bernabéu no último verão: o turco Arda Güler.

Depois de ter sofrido uma rotura parcial do menisco interno do joelho esquerdo na digressão dos espanhóis aos EUA, o que fez com que tivesse mesmo sido operado para debelar o problema, o médio ofensivo de 18 anos contratado ao Fenerbahçe por 20 milhões de euros que é conhecido como o “Messi da Turquia” voltou aos treinos mas adiou de novo a estreia por mais dois problemas musculares – que se juntaram a muitos outros no plantel e que fizeram com que Niko Mihic, croata que liderava o departamento médico do clube desde 2017, deixasse as funções. Agora, na Taça do Rei, o jovem jogador teve a possibilidade de fazer a estreia e como titular, sendo substituído com o encontro resolvido por Fede Valverde aos 59′.

“Tenho sempre presente que o Arda só tem 18 anos. É preciso calma, tranquilidade, porque será um jogador muito importante para o presente e para o futuro. É necessário um pouco mais de paciência por parte de todos. Eu tenho, ele também. Terá os seus minutos porque a qualidade está lá”, destacara o italiano antes da partida com o Arandina, comentando também o plano específico de reforço muscular feito para o turco, à semelhança do que antes acontecera com Rodrygo. A resposta foi quase imediata: Güler foi o melhor do Real na primeira parte, completou 90% dos 39 passes tentados, recuperou três bolas e fez três remates, sendo que um obrigou ao guarda-redes contrário à melhor defesa da primeira parte e outro, de livre direto, foi ao poste. “Jogou uma hora muito boa. Tem qualidade e personalidade mas precisa de melhorar fisicamente. Insisto que temos de ser pacientes com ele”, destacou Ancelotti após o triunfo por 3-1 na Taça do Rei.