O empate no Dragão não colocou em causa o favoritismo do Sporting na corrida pelo Campeonato, mas amenizou alguma da euforia que já se vivia no universo leonino. Não por falta de confiança na conquista, mas pela ideia de que a equipa de Rúben Amorim fez uma das piores exibições da temporada contra o FC Porto e teria de recuperar ânimo, qualidade e eficácia na crucial receção deste sábado ao Portimonense.

Os leões recebiam os algarvios em Alvalade separados do título por seis pontos, ou duas vitórias, e com a certeza de que um triunfo contra o Portimonense podia abrir a porta aos festejos já este domingo — isto se o Benfica não conseguir ganhar em Famalicão. Contudo, encarnados à parte, o Sporting tinha noção de que podia resolver as contas sozinho e de que, para isso, só precisava de vencer este sábado e voltar a vencer no próximo sábado, no Estoril.

Ficha de jogo

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Sporting-Portimonense, 3-o

32.ª jornada da Primeira Liga

Estádio José Alvalade, em Lisboa

Árbitro: Iancu Vasilica (AF Vila Real)

Sporting: Franco Israel, Diomande (Eduardo Quaresma, 80′), Coates, Gonçalo Inácio, Ricardo Esgaio (Geny Catamo, 68′), Hjulmand (Morita, 80′), Pedro Gonçalves (Daniel Bragança, 68′), Nuno Santos (Matheus Reis, 89′), Trincão, Paulinho, Gyökeres

Suplentes não utilizados: Diogo Pinto, Francisco Silva, Luís Neto, Iván Fresneda

Treinador: Rúben Amorim

Portimonense: Kosuke Nakamura, Igor Formiga (Paulo Estrela, 73′), Pedrão, Alemão, Seck, Taichi Fukui (Gonçalo Costa, 59′), Carlinhos (Dener, 88′), Lucas Ventura, Luan (Guga, 73′), Hildeberto (Midana Cassamá, 59′), Hélio Varela

Suplentes não utilizados: Vinicius, Steve Mvoué, Rodrigo Martins, Rafael Alcobia

Treinador: Paulo Sérgio

Golos: Paulinho (13′), Trincão (70′), Gyökeres (90+2′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Ricardo Esgaio (61′), a Igor Formiga (72′), a Gonçalo Inácio (79′), a Midana Cassamá (82′)

“Senti a equipa bem preparada para o jogo. Não pensamos que podemos ser já campeões, pensamos no que podemos controlar, que é ter mais duas vitórias. Mas podemos ter já mais uma e dar um passo muito grande. Estamos precavidos para qualquer situação, foi uma semana normal. A equipa sabe que falta pouco, mas que ainda falta. Queremos ser campeões o mais rapidamente possível. É óbvio que, quando somos miúdos e queremos chegar aqui, queremos sempre acabar um jogo e fazer a festa com os nossos adeptos. Mas quanto a mim, quanto mais rápido melhor. Imagino-me a ser campeão de qualquer maneira, mas ainda falta. Tudo pode acontecer e estamos preparados para isso”, atirou o treinador leonino na antevisão da partida deste sábado.

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Assim, e depois de ter feito várias alterações ao onze inicial base no Clássico do Dragão, Rúben Amorim voltava a surpreender e puxava Pedro Gonçalves para o meio-campo, deixando Morita e Daniel Bragança no banco e colocando Paulinho em simultâneo com Gyökeres no ataque. Do outro lado, num Portimonense em zona de despromoção e a precisar de todos os pontos para lutar pela manutenção, Paulo Sérgio lançava Hildeberto, Hélio Varela e Luan no trio ofensivo.

O Sporting não demorou muito até deixar bem claro que não pretendia permitir que a ansiedade se instalasse e Gyökeres, ainda dentro dos cinco minutos iniciais, teve uma enorme oportunidade de golo ao surgir na cara de Nakamura a conceder a defesa do guarda-redes japonês (4′). Gonçalo Inácio também ficou perto de marcar logo depois, com um cabeceamento ao lado na sequência de um canto (11′), e os leões acabaram mesmo por inaugurar o marcador antes de que estivesse cumprido um quarto de hora.

Num lance de futebol ofensivo muito simples e tremendamente eficaz, Inácio soltou Nuno Santos na esquerda com um passe vertical, o ala tirou um cruzamento rasteiro e atrasado para a área e Paulinho, vindo de trás, atirou de primeira para bater Nakamura (13′). A equipa de Rúben Amorim capitalizava da melhor maneira um corredor esquerdo bem oleado: o entrosamento entre Inácio e Nuno Santos era perfeito e até Coates, o elemento por onde começavam todas as jogadas do Sporting, procurava a ala esquerda com passes longos em busca de desmarcações e desequilíbrios.

Os leões continuaram a carregar até à meia-hora, com Coates a cabecear ao lado na área (17′), Pote a permitir mais uma grande defesa a Nakamura (21′) e Gyökeres a atirar por cima (25′), e a primeira parte desenrolava-se em absoluto sentido único. O Portimonense preocupava-se exclusivamente com o momento defensivo, mantendo as linhas muito baixas e os setores muito recuados, e não só não pressionava alto como não tinha capacidade para soltar a velocidade de Hildeberto.

O Sporting voltou a acelerar já perto do intervalo e voltou a encontrar um enorme Nakamura, que evitou golos de Paulinho (45′) e Gonçalo Inácio (25′) com defesas brilhantes já depois de o avançado português ter cabeceado ao poste após um canto na esquerda (36′). No fim da primeira parte, os leões estavam a vencer o Portimonense pela margem mínima e com muito desperdício pelo meio, já que tinham oportunidades, ocasiões e situações mais do que suficientes para poder estar a golear.

Nenhum dos treinadores fez alterações ao intervalo e a lógica manteve-se, com o Sporting a ter a posse de bola praticamente por inteiro e a precisar de ter muita paciência para ultrapassar a barreira compacta do Portimonense, que jogava totalmente inserido no último terço. Pedro Gonçalves teve a primeira aproximação da segunda parte, com um remate de fora de área que Nakamura encaixou (54′), e Paulo Sérgio mexeu à passagem da hora de jogo para lançar Gonçalo Costa e Midana Cassamá.

Paulinho voltou a ficar perto de bisar pouco depois, com um remate já com pouco ângulo que Nakamura defendeu novamente (60′), e Rúben Amorim fez as primeiras substituições com a entrada de Geny Catamo e Daniel Bragança, mantendo Paulinho em campo e apostando na gestão de Pedro Gonçalves. Logo depois, o segundo golo finalmente apareceu: Nuno Santos tirou da cartola um passe de calcanhar e soltou Paulinho, que aguentou a carga de dois adversários e cruzou atrasado para a área, onde Trincão apareceu a rematar rasteiro para aumentar a vantagem leonina (70′).

O Portimonense acabou por ter o primeiro e único lance de perigo já dentro do último quarto de hora, através de um remate de Midana Cassamá que passou pouco por cima da trave de Franco Israel (80′), e Gyökeres ainda ficou muito perto de também marcar com um pontapé na área que Nakamura voltou a defender (81′). Até ao fim, Rúben Amorim ainda aproveitou para poupar Hjulmand, Diomande e Nuno Santos, lançando Morita, Eduardo Quaresma e Matheus Reis, e Gyökeres fechou as contas nos descontos num lance em que Bragança foi preponderante (90+2′).

O Sporting venceu o Portimonense em Alvalade, colocando-se a uma vitória de se sagrar campeão nacional — e acrescentando pressão ao Benfica, já que qualquer outro resultado que não um triunfo dos encarnados este domingo em Famalicão significa que os leões conquistam desde já o Campeonato. Num dia em que acabou por ser uma das surpresas do onze inicial, ao ser titular em simultâneo com Gyökeres, Paulinho marcou e assistiu e mostrou que nunca irá permitir que alguém se esqueça dele.