As estações de Santa Apolónia, Oriente e Rossio do Metropolitano de Lisboa vão estar abertas durante a madrugada, no âmbito do plano de contingência para as pessoas em situação de sem-abrigo, até à noite de sábado para domingo.

A informação foi anunciada esta quarta-feira pelo Metropolitano de Lisboa em comunicado.

A abertura das três estações além do horário habitual para que os sem-abrigo possam pernoitar, perante o frio registado esta semana, já tinha sido anunciada, sem, contudo, ser indicada a duração da medida.

O município de Lisboa anunciou na terça-feira a ativação do plano de contingência devido ao registo de baixas temperaturas.

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Lisboa acompanha previsão de tempo frio para ativar plano de contingência se necessário

“As estações que se encontram abertas desde a madrugada de 9 de janeiro até à madrugada do dia 14 de janeiro serão as seguintes: Santa Apolónia (norte, passeio junto ao edifício da estação), Oriente (entrada pelo portão do lado do Tejo/centro comercial), Rossio (entrada pelo portão da Praça da Figueira, junto ao Rossio)“, descreve o comunicado divulgado esta quarta-feira pelo Metropolitano de Lisboa.

A transportadora reafirma o seu “esforço como empresa socialmente responsável” e refere que a medida inclui “o apoio da Polícia Municipal” e um reforço da vigilância e da limpeza.

Trinta e cinco pessoas em situação de sem-abrigo pernoitaram na noite passada no Pavilhão Municipal Casal Vistoso, em Lisboa, um número abaixo das 100 camas disponíveis, estando previsto que o serviço se mantenha até domingo.

Em declarações à agência Lusa, o coordenador do Núcleo de Planeamento e Intervenção Sem-Abrigo (NPISA) de Lisboa adiantou esta quarta-feira que, na primeira noite de ativação do plano de contingência para pessoas em situação de sem-abrigo, 44 pessoas se dirigiram ao pavilhão e que, destas, 35 pernoitaram.

“As restantes foram encaminhadas para outras respostas de transição ou de caráter mais definitivo”, disse Paulo Santos.

O responsável explicou que quando as pessoas chegam ao pavilhão passam por uma triagem ao nível da saúde, podendo fazer vacinação contra a gripe ou Covid-19 ou rastreios de doenças infetocontagiosas, e depois seguem para o atendimento social, “a parte mais importante deste processo”, feito entre a Câmara Municipal de Lisboa e a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

“O que é feito é um bocadinho o perfil da pessoa, o seu histórico, a sua situação, a sua necessidade e, consoante aquilo que for esse atendimento, é tomada uma decisão, em parceria com a pessoa, em que ou pernoita neste local ou é encaminhada para uma situação mais definitiva”, apontou.

Foi o que aconteceu a nove das pessoas que procuraram o Casal Vistoso, posteriormente encaminhadas para respostas mais definitivas, como um centro de acolhimento, por exemplo.

No local, além dos cuidados de saúde, as pessoas sem-abrigo têm acesso a alimentação, nomeadamente o jantar ou ceia e o pequeno-almoço, e a balneários e distribuição de roupas.

Paulo Santos apontou que se trata de uma resposta “bastante flexível”, disponível também para casais e pessoas que tenham animais de companhia.

De acordo com a diretora do Serviço Municipal de Proteção Civil, Margarida Castro Martins, na noite de domingo para segunda-feira, o pavilhão ainda estará em funcionamento, mas a expectativa é que a partir de segunda-feira, dia 15, já não seja necessário, dada a previsão de aumento de temperatura.

“Nessa altura faremos então a nossa proposta técnica ao senhor presidente [do município], que depois decidirá pela continuidade ou não do centro”, referiu esta quarta-feira à Lusa.

Na terça-feira, o presidente da autarquia, Carlos Moedas, explicou o contexto de ativação do plano de contingência: “É um plano que todos os anos é ativado se as temperaturas estiverem dois dias abaixo dos 3°C, mas decidi, como presidente da câmara, que deveríamos acioná-lo já. Não estamos ainda obviamente a 3°C, mas estamos com temperaturas muito baixas […] e temos uma população de pessoas em situação de sem-abrigo muito vulnerável”.

Pelo menos os municípios de Oeiras e Leiria acionaram também os seus planos para o mesmo efeito.