Um documento do Departamento de Saúde dos Estados Unidos da América (EUA) revela que uma investigadora chinesa conseguiu isolar e sequenciar o vírus da Covid-19 duas semanas antes de partilhar as informações à Organização Mundial da Saúde (OMS), o que levanta suspeitas sobre o que Pequim realmente sabia da doença pouco antes da pandemia.

De acordo com o Wall Street Journal, que teve acesso ao documento, uma investigadora do Instituto de Biologia Patogénica de Pequim, Lili Ren, disponibilizou a sequência praticamente completa do vírus a 28 de dezembro de 2019 numa base de dados, isto numa altura em que as autoridades de saúde chinesas apenas falavam de uma pneumonia de “causa desconhecida” e ainda não tinham ordenado o encerramento do mercado de Wuhan, um dos primeiros pontos de contágio do novo coronavírus.

Ora, a China apenas partilhou apenas a sequência do vírus com a OMS a 11 de janeiro de 2020, o que pode ter influenciado na transmissão do vírus a nível global. Caso não tivesse havido esse intervalo, especialistas do Departamento da Saúde indicam que poderia ter havido uma resposta mais eficaz ao surgimento da endemia que se transformou depois numa pandemia — e que milhares de vida poderiam ter sido salvas.

Após a primeira sequencialização do vírus por Lili Ren, que foi apagada das bases de dados a 16 de janeiro, as autoridades chinesas partilharam entre si, a 5 de janeiro de 2020, a sequencialização completa da doença, muito idêntica à da especialista do instituto de Pequim. Não obstante, só uns dias depois é que a partilharam à OMS.

Jesse Bloom, uma virologista de Seattle que teve acesso aos documentos, considera que esta informação é um sinal de que a comunidade de líderes de saúde pública internacional tem de estar “atenta” à “precisão” dos dados que são disponibilizados pelo governo chinês. “É importante ter em consideração que sabemos pouco.”

O Wall Street Journal tentou contactar Lili Ren, mas não respondeu ao jornal norte-americano. Por sua vez, a embaixada chinesa nos EUA esclareceu que a China respondeu à Covid-19 “com base na ciência”. “A resposta da China ao vírus é eficaz, consistente com a realidade nacional da China. Pode sobreviver ao teste da história.”

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