Foram mais de três horas em que os verdadeiros adeptos, fãs e admiradores de ténis não largaram televisões, tablets e telemóveis. Alexander Zverev ganhou os dois primeiros sets a Carlos Alcaraz, o espanhol respondeu no terceiro ao vencer no tiebreak e o alemão não deixou fugir o quarto: no fim, Zverev está nas meias-finais do Open da Austrália e Alcaraz foi afastado do primeiro Grand Slam do ano.

A verdade é que, na Rod Laver Arena, a meia-hora inicial da partida foi um autêntico monólogo de Zverev. O alemão demonstrou-se completamente dominador em relação a Alcaraz, vencendo os primeiros dois sets por 6-1 e 6-3 e deixando a ideia de que o número 2 mundial poderia mesmo ser eliminado sem sequer ganhar um set. O espanhol conseguiu responder — também com o apoio das bancadas, que tinham claramente escolhido um lado — e levou o terceiro set até ao tiebreak (7-2), que venceu com recurso a muitos dos pontos espetaculares a que nos habituou nos últimos anos.

O quarto set acabou por ser decisivo, com Zverev a demonstrar-se novamente mais eficaz e consistente e a eliminar Alcaraz sem direito a um final muito dramático (6-4). Assim, o alemão vai agora defrontar o russo Daniil Medvedev na meia-final e procurar regressar a uma final de um Grand Slam, algo que lhe escapa desde o US Open de 2020 em que deixou fugir o título para Dominic Thiem.

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“Defrontei um dos melhores do mundo, especialmente nos últimos dois anos. Quando estás 6-1, 6-3 e 5-2, começas a pensar. Somos todos humanos. Quando estamos tão perto de ganhar, o cérebro começa a funcionar e nem sempre ajuda. Fico feliz por ter conseguido ganhar. Medvedev? Ele tem dado cabo de mim no último ano. Mas se calhar este vai o sítio para mim!”, atirou Zverev, que antes dos quartos de final já tinha afastado Dominik Koepfer, Lukáš Klein, Alex Michelsen e Cameron Norrie.

Quanto a Carlos Alcaraz, que falhou o Open da Austrália há um ano por lesão, continua a encontrar em Melbourne um verdadeiro calcanhar de Aquiles. Com a eliminação nos quartos de final, garantiu desde logo que Novak Djokovic vai sair do Grand Slam com a liderança do ranking ATP e tem mesmo o segundo lugar em risco, já que é ultrapassado por Medvedev se o russo conquistar o título no fim de semana. 

O espanhol esteve no Open da Austrália sem o treinador, Juan Carlos Ferrero, que foi operado ao joelho e está ainda a recuperar. Na box de Alcaraz nas últimas semanas esteve Samuel López, treinador da escola de Ferrero que também faz parte da equipa de Pablo Carreño Busta.

O técnico de 53 anos foi jogador, tendo terminado a carreira aos 23 anos para se dedicar desde logo ao percurso enquanto treinador, e trabalha em conjunto com Juan Carlos Ferrero desde o primeiro dia da escola do antigo tenista — ou seja, também acompanha Carlos Alcaraz praticamente desde o início, sendo que já tinha estado na box no ATP 500 de Queen’s do ano passado. Ainda assim, é expectável que seja Antonio Martínez Cascales, número 2 de Ferrero na equipa do espanhol, a acompanhá-lo no Open de Buenos Aires e no Open do Rio de Janeiro já em fevereiro.

Depois da derrota, Carlos Alcaraz reconheceu a superioridade de Zverev. “Começou como tinha de começar, agressivo no serviço. Não sei o que se passou, sinceramente. Não tive boas sensações no início da partida, com muitos erros que não tinha cometido nos últimos tempos. E também com um nível de serviço muito mau, em percentagem, direção, velocidade… O início da partida foi muito mau e com jogadores deste nível é difícil dar a volta. Vou voltar a ver o início do jogo e analisar com a minha equipa para ver o que aconteceu, porque neste momento não sei mesmo. Vou melhorar o futuro, porque quero fazer grandes coisas neste Grand Slam”, atirou.