Se nos encontros mais “épicos” desta geração nacional de andebol estão momentos de decisão nos últimos segundos, agora foi esse período que acabou por ser fatídico para a Seleção. Apesar de depender apenas de si para garantir o terceiro lugar do grupo B da main round e consequente apuramento para o jogo de quinto e sexto lugares e para o torneio pré-olímpico, Portugal fez uma das partidas mais irregulares no Campeonato da Europa, conseguiu ainda assim recuperar nos minutos finais mas sofreu o empate a 33 no último ataque dos Países Baixos que arriscaram uma situação de 7×6 no ataque. Francisco Costa ainda tentou a derradeira tentativa para recuperar a vantagem mas os neerlandeses travaram o ataque com alguma polémica à mistura e a igualdade já não foi desfeita. Com tudo na mão, a Seleção passava a depender de outros.

Os Heróis do Mar que sem forças não param de Rêmar: Portugal empatam com Países Baixos e ficam à espera no Europeu de andebol

Em condições normais, esse empate poderia não beliscar a obtenção do principal objetivo na prova, que iria também igualar (no mínimo) a melhor classificação de sempre na competição. No entanto, aquilo que seria teoricamente inesperado aconteceu: já com o apuramento para as meias-finais e o primeiro lugar do grupo garantidos, a Dinamarca rodou a equipa, esteve longe da imagem de melhor formação neste Europeu e foi surpreendida pela Eslovénia na última jornada por 28-25. Se a igualdade com os Países Baixos já tinha sido má, o encontro seguinte adensou o pior cenário. Agora, restavam ainda duas últimas esperanças.

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Portugal ficava afastado do Europeu, podendo ainda assim acabar num sétimo lugar que não deixaria de ser a segunda melhor participação numa fase final a par de 2020, mas aguardava pelos resultados da última jornada da main round do grupo A para perceber se conseguiria uma vaga no torneio pré-olímpico, caminho que levou a Seleção pela única vez a uns Jogos em Tóquio. Em cima da mesa estavam dois cenários.

  • Cenário 1: Áustria não chegar ao terceiro lugar. O conjunto austríaco foi a grande revelação nesta edição do Europeu e chegava ao último encontro com possibilidades intactas de chegar a um histórico jogo do quinto e sexto lugares, bastando para isso vencer a Islândia. Em caso de empate, a Áustria teria de esperar que a Hungria não fizesse melhor no jogo com a França; se perdesse, qualquer que fosse o resultado dos magiares já não teria hipóteses, porque mesmo no cenário de empate a quatro pontos entre Hungria, Islândia e Áustria ficaria sempre atrás. O Áustria-Islândia era o primeiro jogo do dia.

  • Cenário 2: quem vence o Europeu e a CAN. Perante as equipas que já tinham o apuramento para Paris ou para o torneio pré-olímpico, Portugal poderia beneficiar de uma vitória da França ou da Dinamarca no Campeonato da Europa e do Egito na Taça das Nações Africanas para poder ainda assegurar uma vaga no torneio pré-olímpico, na medida em que isso acabaria por abrir mais uma vaga para a Europa.

Para quem acompanhou a partida, foi um autêntico carrossel de emoções. A Áustria teve uma primeira parte para esquecer, saiu a perder por seis golos ao intervalo (14-8), voltou com a corda toda mostrando aquela melhor face que lhe valeu o “título” de formação revelação deste Europeu passando para a frente por 16-15 e esteve sempre dentro do jogo graças a uma exibição verdadeiramente fantástica do guarda-redes Constantin Möstl, austríaco filho de um antigo guardião que terminou a partida com 20 defesas e uma eficácia de 45%, que ainda assim foi insuficiente para evitar a derrota por 26-24 que deixou Portugal no sétimo lugar deste Campeonato da Europa e com presença assegurada no torneio pré-olímpico dos Jogos de Paris.

Não havendo ainda confirmação sobre o grupo onde entrará Portugal, tudo aponta que jogue a poule 2 de apuramento para os Jogos Olímpicos de Paris. A Suécia, por ter acabado o Campeonato do Mundo na quarta posição, é um dos adversários. Outro será o Egito, sétimo do Mundial, ou a Croácia, caso os egípcios vençam a Taça das Nações Africanas (que vale qualificação direta), sendo que a Suécia poderá ainda baralhar essas contas caso chegue à final deste Campeonato da Europa. A última vaga irá pertencer ao segundo lugar da Taça das Nações Africanas, que se está a jogar no Cairo com as meias-finais marcadas para esta quinta-feira com os encontros entre Cabo Verde e Argélia e Egito e Tunísia. Só aí o grupo ficará fechado.

  • Grupo 1 do torneio pré-olímpico (apura os dois primeiros) *: Espanha (terceira do Mundial), Hungria (oitava do Mundial), Bahrain (segundo da Taça Asiática) e Brasil (segundo das Américas)
  • Grupo 2 do torneio pré-olímpico (apura os dois primeiros) *: Suécia (quarta do Mundial), Egito (sétima do Mundial) ou Croácia (nona do Mundial), Portugal (terceiro via Europeu) e segundo da Taça das Nações Africanas (Cabo Verde, Argélia ou Tunísia)
  • Grupo 3 do torneio pré-olímpico (apura os dois primeiros) *: Alemanha (quinta do Mundial), Noruega (sexta do Mundial), Eslovénia (segundo via Europeu) e terceira da Taça das Nações Africanas (Cabo Verde, Argélia ou Tunísia)

* sujeito aos resultados finais do Campeonato da Europa e da Taça das Nações Africanas

  • Já apurados para os Jogos Olímpicos de Paris-2024: França (país anfitrião), Dinamarca (campeã mundial), Argentina (campeão sul-americano) e Japão (campeão asiático)