A população do norte de Gaza “come erva” para sobreviver, diz Mohammed Hamouda, um fisioterapeuta deslocado para Rafah, em declarações à CNN. De acordo com a reportagem do canal televisivo norte-americano, os palestinianos que ainda se mantêm no norte de Gaza, acabam por morrer a tentar obter água ou comida, ficando expostos aos ataques israelitas. O autor do relato recorda o dia em que um colega foi morto na fila de uma estação de água no campo de refugiados de Jabalya, no norte de Gaza, quando ele e dezenas de pessoas foram atingidos por bombardeamentos israelitas. Revela ainda que, na sua zona, várias pessoas “esquartejaram um burro para comer a sua carne”, no início de janeiro, quando a escassez de alimentos se agravou.

À medida que Gaza se aproxima da fome em grande escala, os civis deslocados e os profissionais de saúde disseram à CNN que passam fome para que os seus filhos possam comer o pouco que existe. Das vezes que os palestinianos encontram água, é provável que esta não seja potável, causando doenças e até a morte a várias pessoas.

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Hanadi Gamal Saed El Jamara, de 38 anos, diz que o sono é a única coisa que consegue disfarçar a fome dos seus filhos. Atualmente, a mãe de sete menores mendiga comida nas ruas cobertas de lama, no sul de Gaza. Tenta alimentar os filhos pelo menos uma vez por dia enquanto tenta cuidar do marido, doente com cancro e diabetes. Conta que os filhos “estão fracos, têm sempre diarreia e a cara amarela”. “A minha filha de 17 anos diz-me que sente tonturas e o meu marido não come”, acrescentou à CNN, a 9 de janeiro.

Antes da guerra, duas em cada três pessoas em Gaza dependiam de apoio alimentar, segundo apurou o canal norte-americano. Atualmente, os poucos camiões de ajuda humanitária que chegam à Faixa de Gaza são recebidos por pessoas que se atropelam umas às outras para obter alimentos e água potável.

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