Há “muitas famílias que estão a ter dificuldades e fazem muito esforço para pagar a sua prestação [de crédito à habitação]” mas a tendência, diz o presidente executivo da Caixa Geral de Depósitos, é para esse esforço “se reduzir ao longo do ano”. Não é preciso, aliás, esperar que o BCE confirme a primeira descida dos juros – que se acredita que pode ser anunciada em abril, em junho ou julho – porque os indexantes (Euribor) já estão a antecipar esse movimento descendente e “já começaram a baixar, ponto final“.

Paulo Macedo diz que “os economistas estão a antecipar que as taxas de juro do BCE vão começar a descer na primavera, o que ainda não se percebeu é se é primavera em abril ou se é julho”, ironizou, numa conferência organizada pelo Jornal Económico e pela PwC, esta quinta-feira. A confirmar-se, esta descida de juros “dá outro tipo de ânimo aos agentes económicos“, até porque “os indexantes já estão a antecipar esse movimento”.

A trajetória “faz-nos prever que podemos conter o que se dizia que era um problema drástico que era o malparado”, isto é, um grande número de empresas e famílias a não conseguirem cumprir as suas responsabilidades de crédito. “Temos muitas famílias que têm dificuldades e fazem muito esforço para pagar a sua prestação mas este esforço deverá diminuir ao longo deste ano”, disse o líder do banco público, acrescentando que, “ao mesmo tempo, com a inflação a tender para os 2%, isso também será positivo”.

O gestor acautelou, porém, que existem riscos e “não sabemos o que se vai passar nas economias do centro da Europa” e, também, nos conflitos geopolíticos que existem no mundo neste momento.

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Economistas preveem que podemos crescer mais em 2024-2026 que o resto da Europa mas não é valor que nós precisávamos de crescer para recuperar de muito do que foi a trajetória passada”, diz Paulo Macedo.

Neste contexto, “a redução da dívida pública não pode ser minimizada, os economistas não podem dizer num momento que há um elefante na sala e no outro que não foi nada de especial”, afirmou o presidente da CGD.

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Também Miguel Maya, o presidente do Millennium BCP, disse que a “maior vitória nos últimos anos foi as contas públicas equilibradas e a sustentabilidade da dívida pública”, considerando esta “importantíssima para o futuro”.

Para o gestor, o importante é manter essa sustentabilidade. “Todos nós temos a responsabilidade futura de não permitir o desgoverno nessa matéria”, afirmou.

Questionado sobre as eleições que se avizinham, Miguel Maya diz que o próximo Governo, seja ele qual for, tem de perceber que “tem de contribuir para que em Portugal haja empresas competitivas, de escala global, é esse o caminho” para fomentar o crescimento e para levar as pessoas que saíram de Portugal a regressar: “não é com incentivos fiscais que isso se consegue, isso não é mais do que um paliativo”.

Pedro Leitão, do Banco Montepio, acrescentou a estas reflexões que “é preciso uma mobilização mais coletiva relativamente” aos desafios demográficos que o País enfrenta.