Representantes da Plataforma Intersindical dos Bombeiros Sapadores das Autarquias Locais (PIBSAL) receberam esta quarta-feira a promessa do Governo de que as suas reivindicações serão reunidas numa pasta de transição para que o futuro executivo tome uma decisão.

Em declarações à Lusa no final de uma audiência com a ministra da Coesão territorial, Ana Abrunhosa, o dirigente do Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa (STML) António Pascoal afirmou que a governante se “comprometeu em deixar um dossiê com as exigências para o governo que vier” depois das legislativas de 10 de março e prometeu também emitir despachos que estabeleçam regras às Câmaras para o pagamento de horas extraordinárias e subsídio de refeição.

“Demos conta da nossa indignação por vermos que os bombeiros são a única carreira que está abaixo do ordenado mínimo nacional”, afirmou António Pascoal, recordando que a tabela remuneratória prevê “700 euros de ordenado base”.

“Somos uma profissão de risco que não é considerada enquanto tal” e, “nas últimas duas décadas morreram duas centenas de bombeiros e isso não acontece a mais nenhuma profissão em Portugal”, afirmou.

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Por seu turno, Sérgio Carvalho, do Sindicato Nacional de Bombeiros Profissionais, salientou que este setor não recebeu, nos últimos três anos, aumentos de 121 euros, que foram atribuídos sob a forma de atualizações salariais e de subsídios a outras carreiras da função pública.

Hoje, “o Governo está em gestão e não há condições para introduzir novas despesas”, mas Sérgio Carvalho espera que esta reunião com o atual executivo, que está em gestão, tenha efeito para o futuro.

“Queremos um aumento do salário e atualização da tabela única remuneratória, há toda a legitimidade na nossa luta e esperamos que o próximo Governo cumpra as promessas”, acrescentou.

Uma outra comitiva da plataforma esteve reunida com o PSD para apresentar o caderno reivindicativo, mas não recebeu qualquer compromisso para o futuro.

Na reunião com a ministra, onde estiveram os secretários de Estado da Proteção Civil e da Administração Local, foi obtida a promessa da tutela de regulamentar as horas extraordinárias e dos subsídios de refeição.

Em cada semana, os bombeiros sapadores têm três turnos de 12 horas — perfazendo 36 horas, uma hora acima dos restantes funcionários — e muitas câmaras pagam apenas três dias semanais de subsídio de refeição, o que “representa uma perda grande do rendimento” de cada profissional.

“Não podemos trabalhar mais e comer menos”, afirmou Sérgio Carvalho, que alertou também para o facto de outras câmaras não pagarem horas extraordinárias.

Nesse sentido, e “como é um ato de gestão”, a ministra prometeu “emitir um despacho que clarifique estes casos”.

Num memorando entregue ao Presidente da República, a plataforma reclama a atualização do subsídio de risco, que “está indevidamente integrado”, a regulamentação do subsídio de penosidade e insalubridade (“esta é uma profissão com elevado desgaste e penosa, exposta diariamente a locais insalubres”, referem) e do subsídio de disponibilidade permanente, bem como a atualização as tabelas remuneratórias, a revisão da idade de aposentação, o reconhecimento da atividade como uma profissão de desgaste rápido e um sistema de avaliação que permita a promoção e progressão na carreira.