Nas horas que se seguiram à oficialização da ida de Lewis Hamilton para a Ferrari em 2025, ultrapassado o choque inicial, a pergunta mais recorrente dentro do universo da Fórmula 1 era só uma: quem é que vai substituir o britânico na Mercedes? E aí, de forma quase natural, o nome de Fernando Alonso saltou para o topo da lista das casas de apostas.

Atualmente com 42 anos, acabado de sair de uma temporada surpreendente em que alcançou oito pódios com a Aston Martin, o piloto espanhol está pronto para iniciar um novo ano em que irá continuar a perseguir o regresso às vitórias — até porque a última foi já em 2013, há mais de uma década. Alonso tem contrato até 2024 e sempre disse que a grande prioridade era renovar o vínculo, tornando os rumores de uma transferência para a Mercedes algo vazios, mas esta segunda-feira ofereceu uma terceira via.

Em conferência de imprensa na apresentação do Aston Martin para a nova temporada, o piloto não deu como garantida a presença no Mundial de Fórmula 1 em 2025, garantindo que pode sempre acabar por decidir regressar à retirada que assumiu em 2019 e 2020. “A questão da Mercedes vai ser a grande pergunta durante os primeiros meses do ano. Mas antes tenho de pensar em várias coisas. Primeiro, tenho de decidir comigo mesmo o que quero fazer no futuro. Se quero comprometer toda a minha vida, mais uma vez e durante vários anos, por este desporto que amo”, começou por dizer.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Eu amo pilotar. E pilotei durante o inverno, DTM, carcross, karts, carros de rali. Eu amo a Fórmula 1, mas amo conduzir no geral. Portanto, se não estiver na Fórmula 1 hei-de encontrar a minha forma de ser feliz no desporto automóvel. E talvez ter mais tempo para a minha vida privada, algo que também é muito importante nesta fase da minha vida e com a idade que tenho. É uma decisão que tenho de tomar comigo mesmo, tenho de pensar e estar comprometido com a equipa se tiver a certeza de que os próximos anos da minha vida serão numa equipa, a dedicar-lhe 100% do meu tempo”, acrescentou Alonso, que já foi casado mas não tem filhos.

Em resposta aos meios de comunicação social que marcaram presença na conferência de imprensa, o espanhol reforçou que a grande prioridade continua a ser renovar contrato com a Aston Martin — isto se, mais uma vez, optar por continuar na Fórmula 1 em 2025. “Se decidir que é isso que quero e tomar essa decisão, vou sentar-me com a Aston Martin e dizer-lhes que gostava de continuar neste projeto. Acho que demos um grande passo em frente no ano passado, construímos muitas coisas juntos, temos tudo para ter êxito no futuro. Se decidir que quero continuar, as únicas conversas que terei no início serão com a Aston Martin”, garantiu.

Ainda assim, e numa forma sempre muito inteligente e habilidosa de abordar os assuntos, Fernando Alonso não fechou a porta a outras propostas — incluindo um eventual interesse da Mercedes. “Se não chegar a acordo com a Aston Martin e quiser continuar na Fórmula 1, sei que estou numa posição privilegiada. Tenho um perfil atrativo para outras equipas pelo rendimento que demonstrei no ano passado e pelo meu compromisso. Só existem três campeões do mundo na grelha e só um é que está disponível”, atirou, referindo-se a si mesmo em comparação com Lewis Hamilton, com contrato assinado com a Ferrari, e Max Verstappen, com ligação com a Red Bull até 2028.

Foi campeão, caiu no abismo, saiu e voltou para sorrir. Alonso, o vilão que se tornou protagonista de conto de fadas

O bicampeão mundial de Fórmula 1 revelou que não recebeu nenhuma abordagem oficial e pessoal, ainda que reconheça que existe “interesse” em perceber o que pensa do próprio futuro, e deixou claro que a decisão de continuar em 2025 está em “50/50”. “Cada ano em que começo o Mundial tenho a noção de que pode ser o último, claro que sim. Não tenho contrato para o próximo ano e não sei o que pode acontecer. Por agora estou bem, mas acho que depois de três, quatro, cinco corridas e destas primeiras viagens um pouco difíceis, como Bahrain, Arábia Saudita, Austrália, Japão e China, vou sentar-me um pouco comigo mesmo e decidir se isto continua a valer a pena”, terminou.