Quando chegou a Doha, Diogo Ribeiro mostrava-se preparado para fazer melhor do que nos Campeonatos do Mundo de Fukuoka em 2023 e destacava sobretudo um ponto em quase todas as respostas que dava antes de iniciar a competição no Qatar: sentia estar melhor do que no ano passado. Olhando para o panorama global da natação mundial, havia três formas de olhar para estes Mundiais: 1) passar “ao lado”, focando somente as atenções nos Jogos como aconteceu com vários norte-americanos ou australianos; 2) inserir todo o programa de preparação para Paris-2024 contando com a participação nesta prova quase como um “teste” ao momento a nível de marcas; 3) separar as águas entre a maior prova mundial como são os Jogos e preparar de forma específica estes Mundiais antes de avançar para o resto da época. O português, em conjunto com a sua equipa técnica, optou pela última. Resultado? Dividiu para conquistar e fazer ainda mais história.

Mais um momento histórico que não veio só: Diogo Ribeiro sagra-se campeão mundial depois da prata em 2023

Depois da medalha de prata em Fukuoka nos 50 metros mariposa, o atleta do Benfica conseguiu sagrar-se campeão mundial da distância (algo que nunca nenhum português tinha sequer vislumbrado). Mesmo não sendo uma distância olímpica, que engloba apenas as provas de 100 e 200 metros na mariposa, ficava um sinal mais do que evidente a confirmar que podia competir contra os melhores. Houve lágrimas, houve alegria, houve emoção, houve sobretudo a sensação de “dever cumprido” por quem se pedia apenas para ser ele e apenas ele. O nadador acabou depois por ser “protegido” pelos responsáveis da Federação tendo em conta que a participação nestes Mundiais tinha apenas começado, fez um vídeo através das redes sociais a falar da prova e das sensações pelo momento histórico atingido no Aspire Dome e voltou a “fechar-se” para recuperar a concentração para o que se seguia. E o que se seguia era mais um desafio à sua evolução.

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No Japão, Diogo Ribeiro chegou às meias-finais dos 100 metros livres mas terminou na décima posição, a sete centésimos da qualificação para a prova decisiva. Agora, a nadar na 12.ª e última eliminatória na manhã desta quarta-feira, terminou no terceiro lugar com o tempo de 48,72 atrás do húngaro Nándor Németh (48,03) e do britânico Matt Richards (48,05), ficando com o 12.º melhor registo entre os 16 apurados para as meias-finais da tarde. O chinês Pan Zhanle, que bateu o recorde mundial nestes Mundiais na estafeta dos 4×100 livres e que já teve oportunidade de trocar lembranças com o nadador português na “Aldeia” onde se encontram todos os atletas, foi o mais rápido com 47,82. À exceção do fenómeno romeno Davide Popovici, do norte-americano Jack Alexy e do francês Maxime Grousset, todos os adversários de 2023 estavam lá.

“Sei que consigo fazer melhor.” Pan Zhanle, o mais rápido de sempre nos 100 metros livres, não tem limites para a ambição

Em comparação com Fukuoka, todas as marcas médias nas eliminatórias foram acima do ano passado mas sobrava uma certeza – para chegar ao objetivo da terceira final em Mundiais (que seria a quinta para atletas portugueses, com as de Alexandre Yokochi e Ana Barros) e mesmo não sendo a sua especialidade, Diogo Ribeiro teria de aproximar-se do recorde nacional que bateu no ano passado no Funchal (47,98). Uma coisa era certa: os 100 metros livres, ao contrário dos 50 ou dos 50 e 100 de mariposa, nunca tinham valido uma passagem à final nem nos Europeus absolutos de 2022, nem nos Mundiais de juniores de 2022, nem nos Mundiais absolutos de 2023. Ainda assim, sobrava mais um desafio ao que se pensava ser impossível.

Depois da janela que deu medalha, a final ficou à porta: Diogo Ribeiro termina com o 10.º melhor tempo nos 100 metros livres dos Mundiais

Pensava-se e era mesmo. Apesar do grande arranque de prova, que fez com que virasse em terceiro para os últimos 50 metros e que andasse em posições de qualificação até aos 20 metros finais, Diogo Ribeiro cedeu nas derradeiras braçadas e terminou a primeira meia-final no quinto lugar, perdendo depois a possibilidade de chegar à decisão pelos tempos de repescagem que foram alcançados na segunda corrida e ficando com o 11.º lugar no somatório das duas meias-finais, uma posição abaixo do que fizera em Fukuoka-2023.

Sem surpresas, Zhanle Pan voltou a ser o mais rápido com 47,73, seguido de Alessandro Miressi (Itália, 47,88), Sunwoo Hwang (Coreia do Sul, 47,93), Nándor Németh (Hungria, 47,96), Andrej Barna (Sérvia, 48,05), Haoyu Wang (China, 48,11), Matt King (EUA, 48,17) e Matt Richards (Grã-Bretanha, 48,22).