Um exemplo de força, de superação, de trabalho, de resiliência. Uns utilizaram umas palavras, outros foram por termos diferentes, todos tiveram elogios de sobra que serão sempre poucos mas o grande fenómeno do desporto nacional da atualidade. Aos 19 anos, já depois de uma histórica medalha de bronze nos Europeus absolutos e de uma ainda mais histórica medalha de praia nos Mundiais, Diogo Ribeiro quis desafiar mais uma vez o impossível e ganhou em dose dupla, com uma medalha de ouro nos 50 mariposa logo a abrir os Mundiais de Doha e outra nos 100 mariposa no penúltimo dia da competição. Agora, seguem-se os Jogos Olímpicos de Paris no verão e a garantia de que o objetivo passa pelo pódio… em 2024 ou 2028.

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“O segredo é continuar humilde e continuar a trabalhar. Sou lutador, não quero um título e ficar por aí, quero sempre mais. Agora estou um expert nas chegadas, acho que sou o melhor do mundo nas chegadas, por isso agora como já treinei essa parte, quero treinar as partidas. Há sempre alguma coisa a melhorar para um dia poder dizer que sou o melhor do mundo em tudo. Neste momento, sinto que sou o melhor do mundo a nadar, acho que ninguém me ganha na chegada. Na viragem não sou o melhor, no percurso subaquático, não sou o melhor. No salto, na partida, na reação não sou o melhor, por isso há muita coisa para melhorar. Indo melhorando nisso tudo, acho que posso fazer coisas brilhantes no futuro. Vou ter fome, vou querer sempre querer mais e vou continuar a treinar”, referiu o atleta em entrevista à SportTV.

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“Medalha mais importante da carreira? Foram estas duas. Ser campeão do mundo absoluto é um sentimento completamente diferente. Claro que ser campeão do mundo de juniores e, sobretudo, bater o recorde do mundo de juniores foi incrível. Pressão? Costumo dizer que é impossível ter pressão das pessoas de fora, porque já meto muito pressão a mim mesmo. Acho que isso faz-me bem, gosto de pressão. Gosto de nadar finais. Eu uso a pressão para motivar-me ainda mais e para fazer coisas nunca antes feitas. Quero continuar assim. Agora o foco é regressar a Portugal, descansar um pouco a cabeça e voltar a treinar para os Jogos Olímpicos”, prosseguiu Diogo Ribeiro, falando não só de Paris-2024 mas de Los Angeles-2028.

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“Agora vou trabalhar para a medalha olímpica. Quero trabalhar para as medalhas, quer seja em Europeus, Mundiais e Jogos Olímpicos. Nestes Jogos Olímpicos acho que não virá a medalha, porque são os meus primeiros e não sei bem como vai funcionar a competição, mas nunca vou parar treinar para chegar a Los Angeles-2028 e aí tentar a medalha”, destacou o nadador do Benfica sobre esse novo “sonho”.

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O objetivo aqui era ganhar os 50 mariposa. Na minha cabeça e nos meus treinadores pensámos que seria possível e foi lutar até ao fim. Foi incrível terminar a prova e ver que fiquei em primeiro lugar. Quando acabei, nem queria ver o tempo. Demorei a olhar para o tempo, devo ter sido a última pessoa a ver o tempo. Bati na parede, vi que a luz no bloco tinha acendido, tinha ficado no pódio, já estava feliz mas depois vi ao meu lado o Michael Andrew, que era um dos favoritos e que ficou em segundo lugar, a dizer uma asneira, e pensei que era entre mim e o Cameron McEvoy. Olhei, vi que tinha ficado em primeiro e foi uma felicidade enorme. Tenho 19 anos e tenho trabalhado muito com os meus treinadores para atingir isto. Temos sofrido muito nos treinos, às vezes chego quase a desmaiar com dores. É um caminho que custa muito mas chegar aqui e conseguir fazer isto, é incrível. Não tenho palavras para descrever essa prova”, recordou.

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“Os 50 mariposa não tinham corrido bem, nem na eliminatória, nem as meias-finais. Fui para a final a querer vencê-la, porque sou mesmo competitivo. Quanto aos 100 mariposa, pensava que não estava assim bem, por causa dos 100 livres, mas depois fiz a eliminatória e registei um tempo bastante bom para as minhas sensações. Nas meias-finais comecei a acreditar mais, sabia que havia nadadores que iam melhorar bastante, como o Chad le Clos, medalhado à frente do Michael Phelps em Jogos Olímpicos… Fiquei sem palavras, sem reação. Mas foi muito bom ser bicampeão do mundo em natação… Se já ser uma vez era uma coisa que já nem conseguia pensar nisso, duas… Mas diria que antes da competição começar, os 100 mariposa era mais surpreendente ganhar“, concluiu Diogo Ribeiro, horas antes de chegar a Lisboa vindo de Doha.

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