Tem estado sobretudo na região norte, já teve uma passagem pelo Luxemburgo, vai apresentar o seu projeto para a Academia do FC Porto na Maia em Lisboa (tendo uma explicação para isso), tem prevista ainda esta semana uma ida ao Algarve, passou esta segunda-feira por Coimbra. André Villas-Boas continua on tour na campanha eleitoral dos azuis e brancos, não apenas para explicar aquilo que defende em termos de projeto para o clube mas também para comentar aquilo que tem sido referido por Pinto da Costa e responder as dúvidas que têm surgido em relação ao próprio dia das eleições no Estádio do Dragão a 27 de abril.

“Viemos de uma Assembleia Geral em que cartões de sócios circularam por não sócios para terem acesso à Assembleia Geral. As pulseiras de acesso circularam para acessos indevidos, cartões de sócios circularam por não sócios… Pinto da Costa está a recriminar-me por levantar questões relacionadas com uma Assembleia Geral eleitoral? É importante não sermos ingénuos. Há pessoas, filhos, que ainda pagam as quotas dos falecidos pais para manterem o vínculo sentimental dos pais ao FC Porto. Isto faz parte de uma pessoa que está elegível para exercer o direito de voto. O que me preocupa é que, por exemplo, nos cadernos eleitorais, estivessem pessoas que já tinham falecido e pessoas falecidas com as quotas em dia. Isto preocupa-me atendendo ao que aconteceu na Assembleia Geral de novembro. O que sugeri foi que talvez no futuro pudesse ser uma comissão independente a tomar conta da Assembleia Geral eleitoral. Se os associados me negarem essa ideia, ela morre à nascença. Foi só uma sugestão”, destacou o antigo treinador portista.

O 13 de novembro é triste mas acordou os portistas para a realidade. Temos de recordar esse dia porque pode levar o clube para outra via”, referiu em relação à Assembleia Geral Extraordinária

Em paralelo, Villas-Boas não esqueceu no regresso a Coimbra, onde começou a carreira como número 1 após sair da equipa técnica de José Mourinho, a carta que enviou à SAD a pedir esclarecimentos sobre as recentes operações feitas pela sociedade. “Vamos passar a uma segunda fase que é propor um conjunto de acionistas que promova essas questões e obrigue o FC Porto a responder às mesmas. Há muitas perguntas que fizemos relacionadas com a antecipação de receitas, a que o FC Porto recentemente recorreu, ao uso de alguns fundos para antecipação de outras receitas relacionadas com o contrato da Super Bock, da influência cada vez mais presente do fundo da Quadrantis e de pessoas relacionadas com a Quadrantis no seu entorno. E também, se nos pudessem esclarecer, relativamente a essa recente visita de Fernando Gomes à UEFA, se o FC Porto pode estar de novo em incumprimento relativamente às questões da colaboração”, apontou.

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“É um tema sensível e perigoso que está nessa carta. Gostávamos de ter uma resposta. Fernando Gomes pode deslocar-se à UEFA para ter as reuniões que entender mas os timings relacionados com o licenciamento em março e a participação do FC Porto nas provas europeias é algo que nos assusta. O que nos intriga mais é essa recente viagem à Suíça de Fernando Gomes. Pedimos explicações na carta que enviámos à SAD. Esperamos obter respostas sobre esse tema e também sobre a falta de informação sobre comissões, antecipação de receitas através de determinados fundos. Enquanto candidato à presidência, sócio e acionista, enderecei a carta ao presidente Pinto da Costa”, acrescentou sobre o tema, citado pelo jornal O Jogo.

“É cada vez mais evidente os interesses que rodeiam o FC Porto. De empresários, a jogadores, a pessoas vinculadas a fundos. Que custos e comissões estão relacionados com o acesso a dinheiro que esses fundos trazem ao FC Porto? Já começámos a ter reuniões com a banca internacional. Queremos saber se há conflito de interesses mas o FC Porto não se sentou. Depois aparecem grandes figuras, grandes vice-presidentes, vistos como portadores de grandes ideias. Isto parece-me relacionado com interesses alheios. Nós chegamos ao FC Porto desprendidos de qualquer interesse. Abandonei a minha carreira de treinador para servir o FC Porto e desvinculá-lo desta teia e desta rede cada vez mais presente. Essa análise da outra candidatura parece-me refém”, atirou Villas-Boas, visando neste caso a figura de João Rafael Koehler.

“A atribuição do Dragão de Ouro de sócio do ano tem de ser reformulado. Chega de ser uma forma de bajulação a figuras, mas sim para o sócio que sofre e paga as quotas. Que não seja apenas para premiar figuras da sociedade civil, políticas ou da igreja. Há que reformatar esse sentimento e atribuição”, apontou ainda entre as críticas ao atual elenco dos azuis e brancos, antes de dar uma visão mais geral da campanha.

“Não queremos que as críticas escalem. Nós seguimos o nosso caminho e o nosso caminho é este: estar próximo dos sócios, compreender os seus problemas. Fazer esclarecimentos sobre a nossa candidatura, os nossos passos, o que temos feito, tudo de uma forma transparente e clara. Este é o caminho, as datas estão estabelecidas, tudo está a responder aos timings, a adesão tem sido boa, portanto, isto dá-nos confiança. Estamos confiantes, sentimos as pessoas e o que nos dizem. Agora, realmente é preciso que esta massa humana se mova e exerça o seu direito de voto. Estas deslocações que eu faço têm muito mais de simbólico do que propriamente líquido, se calhar, em termos de voto, porque, como foi falado aqui, estima-se que apenas 15% dos associados das Casas sejam também sócios do FC Porto. O que é inegável é que o FC Porto está a debate, está aberto, é positivo e deixou de estar fechado numa bolha, como esteve com todos estes anos”, comentou o antigo técnico, que respondeu ainda ao caso de Kevin de Bruyne.

“Já estabeleci essa questão em 2012, não há mais nada para esclarecer. Esse jogador estava nas listas de Piet de Visser. Piet de Visser era o observador pessoal de Roman Abramovich. Quando cheguei ao Chelsea estava referenciado. Foi assinado mais tarde pelo Chelsea. Não tive nada a ver com o roubo do Kevin de Bruyne ao FC Porto. Acho que vocês têm que começar a interrogar-se se temos que meter nestas candidaturas algum polígrafo, porque ele baterá no vermelho relativamente a um candidato”, concluiu.