Depois de uma campanha onde quase todos os dias teve “momentos”, entre passagens por Casas do FC Porto em Portugal e no estrangeiro, apresentações de candidatura ou entrevistas a alguns órgãos de comunicação social, André Villas-Boas tem esta quarta-feira a festa de encerramento no Super Bock Arena com muitos apoiantes, sócios e adeptos, na antecâmara das eleições. Antes desse momento alto, o antigo treinador falou à CNN e aproveitou para comentar alguns dos recentes anúncios de Pinto da Costa – que esta noite voltou a surpreender também com a confirmação de que Sérgio Conceição vai renovar contrato até 2028.

“Do ponto de vista da minha gestão, muda muito pouco, são elementos que terminam contrato, não são os únicos. Do ponto de vista da comunicação, o presidente tem dito muitas coisas na campanha e esta pode ser mais uma que atira para o ar sem que a mesma esteja realizada, não pondo em causa a sua palavra. É a mesma coisa que dizer que David Carmo está vendido por 17,5 milhões de euros, que tem equipa de futebol feminino contratada e que não há suspensão da UEFA…”, comentou André Villas-Boas ao canal.

“Temos também o exemplo do Francisco [Conceição]. A renovação é uma boa notícia, já o modelo do negócio… Não me parece bom negócio, não me parece normal dar 20% do passe a um jogador. Custa. Saiu por cinco milhões de euros e o FC Porto é obrigado a comprar por dez milhões. Vai em linha com todos estes negócios estruturais que o presidente está a tomar e que, na minha ótica, são de salvamento da candidatura, decisões que não devia estar a tomar a tão poucos dias das eleições”, voltou a reforçar.

“Deixam-nos o FC Porto delapidado e com um passivo gigantesco, escondem uma pena de um ano das competições da UEFA, suspensa durante três anos. Deixam-nos um FC Porto que acaba de vender mais um dos seus anéis, 30% das suas receitas comerciais a troco de nada. Andam mensalmente a gastar milhares de euros com empresas de uma pessoa que quer tomar de assalto o nosso clube. Estamos perante uma crise financeira sem precedentes, temos a maior parte das nossas receitas antecipadas, estamos a perder capacidade competitiva fruto de ineficiências ao nível da gestão, de planeamento, de falta de rigor, da indiferença com que olham para o FC Porto”, apontou no discurso feito no Super Bock Arena.

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“Basta de anos a fio de senhores feudais a servirem-se do FC Porto. Hipotecando o seu futuro, vangloriando-se como gestores enquanto enriqueceram pessoalmente e levando o FC Porto à miséria. Volto a dizer e a perguntar: ‘Será que essas pessoas seriam capazes de hipotecar o futuro das suas famílias à velocidade com que hipotecam o futuro do FC Porto?’ Claro que não. Mas estamos prontos. Não temos medo e não vamos fugir aos desafios. Esta é uma missão de resgate do clube, pelo clube e pelos sócios. Entendo este momento atual como uma grande janela de oportunidades onde com disciplina, rigor e trabalho podemos crescer em várias áreas”, acrescentou no mesmo momento o antigo treinador dos azuis e brancos.

“Continuo focado em sentar-me com o treinador e discutir o projeto, é muito importante para nós demonstrar filosofia e que o treinador tenha esse entendimento. Aguardarei uma tomada de posição do treinador oficialmente, já que várias promessas e frases do presidente, muitas delas têm sido falsas, como a do David Carmo vendido ou o futebol feminino. Esperarei por declarações do treinador, tenho a mesma intenção de demonstrar o projeto ao treinador, ver a viabilidade de continuarmos juntos”, disse depois, falando aos jornalistas à margem do encontro que juntou centenas de pessoas no Super Bock Arena.

“A única crítica é que o presidente deixe de brincar com os sócios do FC Porto. A três dias das eleições, já chega de tomar decisões estruturantes que podem meter em causa o bom futuro do FC Porto. Que respeite os sócios, que os sócios votem em liberdade. Tomar as decisões que tomou a 15 dias das eleições é absolutamente vergonhoso e os sócios não merecem isto. Além de desiludido, fico estupefacto, que o presidente tome estas decisões e que continue a arranjar amuletos para sustentar a sua candidatura, já que a força desta é imparável. Já me parece um ato de desespero, já chega”, acrescentou ainda nesse momento.