A Câmara de Lisboa aprovou esta quarta-feira uma moção do PCP para instar o próximo Governo, liderado pelo PSD, a determinar ao Metropolitano de Lisboa a “reavaliação imediata” do processo de construção da linha circular para funcionar “em laço”.

Em reunião pública do executivo municipal, a moção para transformar a linha circular do Metropolitano de Lisboa numa linha em laço foi aprovada entre os 17 membros da câmara, com os votos contra de dois dos três vereadores dos Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre).

Houve cinco votos de abstenção, designadamente três do PS, um do Livre e um dos Cidadãos Por Lisboa, e 10 votos a favor da proposta – sete da liderança PSD/CDS-PP, dois do PCP e um do BE.

Na apresentação da moção, o vereador do PCP João Ferreira disse que existem hoje condições para “responder a uma inquietação da generalidade da população, mas também das forças políticas com representação na câmara municipal, no executivo municipal e também na Assembleia da República, que é finalmente evitar o que seria um enorme erro para o futuro da mobilidade na cidade, que seria a concretização do projeto da linha circular”.

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“Infelizmente, o projeto está num estado tal que não é possível reverter ao ponto zero, seria o ideal, mas já se comprometeram recursos, já se fizeram investimentos, parte da obra está feita, mas é possível transformar essa linha circular numa linha em laço”, declarou o comunista, lembrando que a possibilidade foi admitida pelo atual ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro (PS).

Linha Circular do Metro de Lisboa já se vê a partir da futura estação de Santos

Numa declaração de voto para justificar a abstenção, a vereadora do PS Cátia Rosas disse que o Governo pediu um estudo sobre a operação do Metropolitano de Lisboa, com “três opções” em análise, designadamente circular, em laço e em linha, referindo que se prevê que o trabalho esteja concluído no final do primeiro semestre.

“O próximo Governo estará em condições de, depois, fazer a escolha da operação do metro, sendo que com as obras é possível optar por qualquer uma destas operações ou até mesmo uma operação mista”, explicou a vereadora do PS.

A moção aprovada pela câmara pretende instar o Governo a determinar ao Metropolitano de Lisboa a “reavaliação imediata” de todo o processo relativo à construção da linha circular, “estudando as condições técnicas e financeiras que possibilitem a alteração definitiva da linha circular, aproveitando a obra feita, a alteração da sinalização e a aquisição do novo material circulante, para o funcionamento de uma linha em laço”.

Na perspetiva do PCP, a expansão da rede do Metropolitano de Lisboa deve obedecer a dois princípios fundamentais: promover a mobilidade dentro da cidade, com recurso à utilização do transporte público de qualidade, e contribuir para a redução da utilização das viaturas particulares que entram, todos os dias, no concelho.

“O atual traçado da linha circular, já em construção, não responde de forma cabal a nenhum destes princípios”, considerou o PCP, no texto da moção.

Em novembro de 2021, um mês após tomar posse como presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas (PSD) defendeu a suspensão da linha circular do Metropolitano, no âmbito da aprovação de uma moção do PCP nesse sentido, e reiterou a proposta de uma linha “em laço”.

Em causa está a nova linha circular do Metropolitano de Lisboa, que vai ligar a estação do Rato ao Cais do Sodré, numa extensão de mais dois quilómetros de rede, e que irá criar um anel circular no centro da cidade, e interfaces que conjugam e integram vários modos de transporte.

O funcionamento da linha circular, tal como está definido, prevê que os passageiros que saiam das estações de Odivelas, Senhor Roubado, Ameixoeira, Lumiar, Quinta das Conchas e Telheiras tenham de fazer transbordo no Campo Grande se quiserem ir para outras zonas de Lisboa.

Com a circulação “em laço”, esse transbordo deixa de ser necessário e o comboio que sai da futura linha Amarela segue viagem pela nova linha circular.