O ex-CEO da plataforma de negociação de criptomoedas FTX foi condenado a 25 anos de prisão. A sentença foi conhecida esta quinta-feira, depois de, em novembro de 2023, Sam Bankman-Fried (SBF) ter sido considerado culpado em sete acusações, incluindo fraude, lavagem de dinheiro e conspiração.

Fundador da FTX considerado culpado pelas sete acusações

Bankman-Fried, de 32 anos, foi um dos responsáveis pelo colapso da plataforma, em novembro de 2022. Foi acusado pelos procuradores federais de roubar 8 mil milhões de dólares aos clientes, que terão sido usados para financiar um estilo de vida abastado e fazer investimentos arriscados.

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A leitura da sentença aconteceu no tribunal de Manhattan, com a decisão a cargo do juiz distrital Lewis Kaplan. A defesa do ex-CEO da FTX confirmou esta quinta-feira que vai avançar com um pedido de recurso. SBF não poderá pedir liberdade condicional, uma vez que foi condenado por crimes federais.

Além da pena de prisão, o juiz ordenou ainda que Bankman-Fried pague 11 mil milhões de dólares. O magistrado teve em conta na decisão “o enorme dano causado, a ousadia das ações, a excecional flexibilidade com a verdade e a aparente falta de remorsos reais” do norte-americano.

Logo no início da audição, o juiz declarou que, além de fraude, SBF também cometeu os crimes de falso testemunho e influência de testemunha. “Peço desculpa”, declarou SBF, que manteve a posição de que não cometeu fraude, de acordo com o Guardian  que assistiu à leitura da sentença. “Lamento o que aconteceu ao longo de todas as etapas”, declarou. “Fui responsável pela FTX e o seu colapso é minha culpa”.

Reconheceu, também, o “sofrimento” dos clientes afetados, e admitiu que, ao longo do processo, “faltou-lhe reconhecer” esse fator. “Peço desculpa por isso.”

O juiz não se mostrou comovido com a declaração antes da sentença. “Nunca vi uma atuação como esta”, declarou, acusando Bankman-Fried de “não ter demonstrado uma palavra de remorso por ter cometido estes crimes terríveis”.

“Isto foi um crime muito sério”, declarou ainda o juiz, que teme que, devido à persistência e aos contactos do ex-CEO da FTX, o risco de voltar a cometer algum crime semelhante no futuro “não é um risco trivial”.

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Sam Bankman-Fried enfrentava uma pena máxima de 110 anos, mas o magistrado declarou que não ia condená-lo ao valor máximo. Os procuradores defenderam uma pena entre 40 a 50 anos, argumentando que foi responsável por uma das maiores fraudes financeiras da história dos EUA. Além disso, consideram que “existe uma probabilidade significativa de que o arguido seja libertado com uma idade ainda jovem que lhe dê oportunidade para se envolver noutra fraude”, referiram os procuradores no processo.

Já a defesa do norte-americano pediu uma condenação até seis anos de prisão, por considerar que ainda poderá ter muito a oferecer à sociedade, conforme escreve o Wall Street Journal. “O Sam não é um ‘génio do mal’” ou “um vilão avarento como foi descrito no julgamento”.

Sam Bankman-Fried, fundador da falida FTX, preso nas Bahamas

Bankman-Fried enfrenta uma das condenações mais longas dos últimos anos pelo crime de fraude, nota o New York Times.  Por exemplo, Elizabeth Holmes, a responsável pela Theranos, foi condenada em 2022 a 11 anos e três meses de prisão por defraudar os investidores. A startup prometia revolucionar o mercado dos testes de sangue, com uma tecnologia que tornaria possível fazer diversas análises a partir de uma única gota de sangue.

Elizabeth Holmes, fundadora da Theranos, condenada a mais de 11 anos de prisão por fraude

O ex-CEO da FTX foi detido pela primeira vez em dezembro de 2022, nas Bahamas, onde partilhava uma mansão avaliada em 30 milhões de dólares com outros executivos da empresa. Foi libertado nesse mês após pagar uma fiança de 250 milhões de dólares.

Sam Bankman-Fried, fundador da falida FTX, será libertado sob fiança de 250 milhões

Viveu durante alguns meses em casa dos pais, na Califórnia, até que, em agosto, o juiz Kaplan decidiu revogar-lhe a fiança por suspeitas de que estaria a tentar influenciar testemunhas. Tem estado desde então detido no Centro de Detenção Metropolitano de Brooklyn.

Sam Bankman-Fried fundou a corretora Alameda Research em 2017 e, dois anos depois, criou a FTX, dedicada à negociação de criptoativos. Era acionista maioritário das duas empresas que, em teoria, funcionavam de forma independente. Até que, no início de novembro de 2022, uma investigação da Coindesk revelou que as duas empresas estavam demasiado ligadas – no balanço da Alameda estavam vários FTT, o token emitido pela FTX. Em junho de 2022, os ativos totais da Alameda eram de 14,6 mil milhões de dólares, com 5,8 mil milhões em FTT.

Clientes da FTX entram com ação coletiva para reaverem dinheiro

Mais tarde, tornou-se público que Bankman-Fried e a sua equipa de gestão estariam a usar os depósitos dos clientes para fazer investimentos de risco através da Alameda Research.

Após a falência da FTX, que até chegou a dar nomes a estádios e a fazer anúncios milionários com celebridades, um grupo de clientes avançou com uma ação coletiva para tentar reaver o dinheiro.