A ministra da Defesa pediu esta segunda-feira que as “ideias retrógradas e a intolerância de alguns” não impeçam as Forças Armadas de contar “com o talento e competência de todos”, lembrando que foi a primeira mulher a ocupar o cargo.

“Importa relembrar que o valor da igualdade é um dos valores constitucionais que jurámos defender e que não se pode defender um valor que não se assume e não se exerce. As Forças Armadas têm feito aqui um notável caminho e são um exemplo para a sociedade. Desejo que esse legado possa ser ampliado. Não deixemos que as ideias retrógradas e a intolerância de alguns nos impeçam de contar com o talento e a competência de todos os que querem servir Portugal nas suas Forças Armadas”, defendeu.

Helena Carreiras falava numa cerimónia militar de despedida das Forças Armadas realizada na manhã desta segunda-feira, em Belém, naquele que foi o seu último ato público enquanto ministra da Defesa.

Na sua intervenção, a governante manifestou orgulho por ter sido a primeira mulher a ocupar estas funções e enumerou um conjunto de medidas tomadas durante o seu mandato, como o aumento de verbas para a Defesa no Orçamento do Estado, o cumprimento de metas no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) ou ainda a ajuda prestada à Ucrânia.

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Helena Carreiras agradeceu também aos atuais chefes militares “a frontalidade” nas relações institucionais que tiveram. “Por saberem que a persistência e a serenidade devem vingar para além da espuma dos dias, que o ruído das circunstâncias não deve desviar-nos da rota. Por saberem que isso se faz assumindo responsabilidades, fazendo mudanças e não apenas esperando que mudanças nos sejam sugeridas ou que as ideias venham de fora”, afirmou.

A governante apelou ainda aos chefes militares para que resistam, “como até aqui, às profecias auto realizadas e às visões catastrofistas dos engenheiros do caos, para continuar a encarar de frente, em articulação com a tutela, os inúmeros desafios da Defesa Nacional”.

“No ano em que celebramos 50 anos do 25 de abril, devemos orgulhar-nos coletivamente, e relembrar ao mundo o papel central das Forças Armadas no processo que trouxe a Democracia ao nosso país. E como souberam exemplarmente encontrar o seu lugar na ordem constitucional, jurando sempre defender a pátria com risco da própria vida. E defender a pátria é hoje, mais que nunca, defender a democracia”, rematou.

Maria Helena Chaves Carreiras, 58 anos, é especialista em sociologia militar e professora universitária, com obra publicada sobre as mulheres nas Forças Armadas, e foi a primeira mulher a dirigir o Instituto da Defesa Nacional (IDN).

O presidente do CDS-PP, Nuno Melo, vai ser o próximo ministro da Defesa Nacional no XXIV Governo Constitucional, liderado pelo social-democrata Luís Montenegro, que toma posse na terça-feira.