Os computadores quânticos são muito mais sensíveis aos erros do que os clássicos. Até ao ano passado estimava-se que para cada bit quântico (qubit) lógico, que faz o trabalho de computação, eram necessários 10 mil ou mais qubits físicos, ou assistentes, para combater os erros introduzidos pelo ruído ou imperfeições. Esta quarta-feira, a Microsoft e a Quantinuum anunciaram que conseguiram reduzir esta proporção, dando uma passo considerado importante para tornar os computadores quânticos mais fiáveis.

As empresas precisaram de menos qubits físicos para proteger os lógicos: 30 para quatro, respetivamente. Desta forma, Yasser Omar, presidente do Instituto Português de Quântica, fala numa redução “bastante significativa”, passando-se de uma proporção de um qubit lógico para 10 mil físicos para uma relação de um para cerca de oito (4/30). O também professor considera que, embora se tratem ainda de “protótipos para provas de conceito”, os resultados são “interessantes porque estão a melhorar um aspeto crucial para conseguirmos construir processadores quânticos cada vez com mais bits quânticos” e que consigam resolver “os problemas práticos”.

Em entrevista à agência Reuters, Jason Zander, vice-presidente executivo da Microsoft para missões e tecnologias estratégicas, defendeu que se trata da melhor relação de sempre de qubits fiáveis (sem erros) de um chip quântico. “Fizemos mais de 14 mil experiências individuais sem um único erro. Isso é até 800 vezes melhor do que qualquer outra coisa registada”, afirmou.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A descoberta da Microsoft representa mais um passo em direção à comercialização de computadores quânticos, depois de no ano passado a Google já ter conseguido aumentar o tamanho do que está a desenvolver sem que a quantidade de erros subisse. O professor Yasser Omar considera que a descoberta da Microsoft é uma “prova de princípio muito interessante, impressionante”, mas alerta que o caminho para a comercialização ainda é “difícil e longo”.

Continua a ser, defende, um “desafio muito grande do ponto de vista tecnológico e também da engenharia construir processadores quânticos com muitos qubits”. Quanto à proporção de um qubit lógico para oito físicos (ou 4 para 30), Yasser Omar salienta que é “muito viável”, mas diz que “parece difícil” que possa ser ainda mais reduzida.

Computação quântica dá um novo salto histórico. Comercialização ainda não é para já mas ficou mais perto