Depois do regresso à “normalidade” no Japão, mais “normalidade” na China. Naquele que foi o primeiro fim de semana do Mundial de Fórmula 1 de 2024 com sprint, Max Verstappen aproveitou a oportunidade para confirmar que só mesmo em momentos de desistência como aconteceu na Austrália parece haver a mínima possibilidade de beliscar aquilo que começa a ser mais um passeio do neerlandês para o tetracampeonato – algo reforçado na qualificação para o Grande Prémio, em que o piloto da Red Bull não só garantiu mais uma pole position como deixou o companheiro de equipa Sergio Pérez a mais de 0,3 segundos. No entanto, todo o interesse e emoção em torno da modalidade está cada mais assente nos despiques diretos que se vão criando do segundo lugar para baixo e foi isso que voltou a acontecer agora em Xangai na antecâmara da corrida.

No caso de Verstappen, foi mais do mesmo: nas 19 voltas da sprint, saiu em quarto depois da qualificação marcada pela chuva, beneficiou da saída larga no arranque de Lando Norris para subir uma posição, passou mais tarde Fernando Alonso, superou um Lewis Hamilton sem a mínima capacidade de combater o Red Bull e continuou a acelerar até à vitória. O costume. No entanto, houve outras histórias que podiam agora iniciar narrativas paralelas do que se poderia esperar na China. A principal acabou por ser o toque entre Alonso e Carlos Sainz Jr., que levaria o piloto da Aston Martin a desistir nas boxes. Depois, houve ainda a luta dos dois Ferrari pela quarta posição. Por fim, a tentativa de caça ao segundo lugar de Pérez a Hamilton.

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Agora, tudo seria diferente. Hamilton, por exemplo, cometeu dois erros, viu a pista melhorar mas já não foi a tempo de evitar o 18.º lugar na qualificação. Mais tarde, Carlos Sainz Jr. teve uma saída de pista que levou à bandeira vermelha mas passou em terceiro para Q3, ao contrário do sétimo lugar de Alonso. Por fim, Max Verstappen e Sergio Pérez deixaram a concorrência para trás mas o espanhol da Aston Martin ainda foi a tempo de fazer o terceiro melhor registo, quase que em “resposta” ao castigo de dez segundos de que foi alvo na sequência do toque em Carlos Sainz Jr.. Voltava tudo a uma “estaca zero” do segundo para baixo.

“Apesar de tudo, espero uma corrida difícil porque somos mais lentos do que a Ferrari, a McLaren e até, provavelmente, a Mercedes. Superamo-los frequentemente na classificação mas isso vai depender de quantas voltas poderemos defender as nossas posições. Esta quinta corrida do ano não será diferente das anteriores mas não temos de pedir desculpa por seremos mais rápidos a uma volta. Recebi uma penalização com a qual não concordo mas são eles que têm o poder e não há nada a fazer”, comentara Alonso ao jornal As antes da corrida em Xangai, adiantando que a penalização não teria agora impacto direto na corrida.

Cedo o espanhol tentou dar nas vistas. Num arranque com Verstappen a voar para a liderança confortável, Alonso conseguiu superar Sergio Pérez e andou na segunda posição algumas voltas tentando marcar ritmos enquanto ia fechando a porta às tentativas de ultrapassagem do mexicano, que conseguiu mesmo assumir a posição antes de também Lando Norris ganhar o terceiro lugar. Entre tudo isso, o despique mais interessante era pelo sexto posto, entre George Russell e Charles Leclerc, numa corrida que na frente não tinha pontos de interesse ou mudança. Depois, começaram as primeiras trocas de pneus e os últimos a parar, neste caso Norris e Leclerc, acabaram por ser beneficiados pelas habituais “circunstâncias” de corrida.

Ao “perder” o motor, Valtteri Bottas obrigou a uma primeira situação de safety car virtual antes da entrada em pista do carro. Houve o reatamento, houve mais uma situação de safety car, desta vez com Tsunoda a ficar de fora com um furo depois de um toque de Kevin Magnussen (mais tarde, Daniel Ricciardo também não resistiu a essa mesma confusão e acabou por desistir). Aquilo que parecia ser uma hierarquia natural nas 20 primeiras voltas mudou por completo, com Lando Norris e Charles Leclerc a assumirem as posições de pódio atrás de Verstappen e Sergio Pérez a tentar subir do quarto lugar que tinha atrás Alonso, Sainz Jr., Russell e Piastri com Lewis Hamilton na décima posição depois de um mau arranque.

Leclerc não aguentou a pressão de Pérez e acabou mesmo por ceder o terceiro posto, enquanto lá na frente Max Verstappen ia aumentando a diferença para Norris, o piloto do dia com uma grande corrida com o seu McLaren que terminou com a melhor posição do ano à frente de Sergio Pérez. Já Alonso, que de uma forma surpreendente tinha colocado macios a meio da prova, não conseguiu fazer vingar a estratégia depois de nova paragem e acabou em sétimo, atrás de George Russell. Na frente, estava confirmada a primeira vitória do neerlandês na China, que não recebia qualquer Grande Prémio desde 2019 devido à pandemia mas que teve bancadas cheias neste regresso depois do triunfo de Hamilton na última passagem.