Paulo Portas reagiu às declarações de Pedro Passos Coelho que, em entrevista ao Observador, relembrou os tempos em que integrou o governo na coligação PSD/CDS, e revelou que, “a partir de certa altura”, a troika “percebeu que havia um problema com o CDS” e “passou a exigir cartas assinadas por Paulo Portas”, mostrando a falta de confiança que existia no antigo líder do CDS. No seu espaço de comentário na CNN, Portas respondeu ao antigo-primeiro-ministro: “Dava a entender que achava que a troika era um bem virtuoso. Eu achava que era um mal necessário.”

No espaço de comentário da CNN, este domingo, Portas respondeu ao antigo primeiro-ministro, elencando as “zonas de diferença que são normais numa coligação de dois partidos”, O antigo líder centrista explicou por que razão considerava a troika “um mal necessário”. “Mal, porque não gosto de estrangeiros a darem avisos sobre leis portuguesas e orçamentos portugueses. Mas nós é que nos tínhamos colocado nessa situação e portanto era necessário cumprir o programa, os objetivos, para ter acesso a dinheiro e podermos recuperar a nossa soberania”, continuou.

Sobre a subida na Taxa Social Única (TSU), uma das medidas do “inevitável” pacote de austeridade a que Portugal se viu sujeito nos chamados anos da troika, mas que acabaria travada e substituída por um “enorme aumento de impostos”, Paulo Portas atirou: “Não raramente o Dr. Pedro Passos Coelho usava a expressão do ir além da Troika. Eu sempre fui mais cético sobre essa ideia.”

“Para mim, para aguentar aquele programa que resolvesse a falência de Portugal e nos permitisse recuperar a normalidade, era preciso coesão social na sociedade portuguesa”, disse, reconhecendo a “a TSU das pensões, uma nova taxa sobre os pensionistas” como “um dos momentos difíceis”.

E explicou: “A medida vinha como estrutural e portanto obrigatória de cumprimento e condição de acesso a financiamento. Depois dessa tensão, foi de facto dura, essa medida passou para opcional e deixou de ser condição de financiamento. Eu achava uma penalização dupla sobre os pensionistas, que isso passava os limites e criava a ideia sobre os idosos que estavam a ser escolhidos como alvo num programa.”

“Acho que o tempo deu-me deu razão”, considera em restrospetiva. “Seis meses depois dessa medida passar de estrutural para opcional, e só usada em último recurso, fui eu e a ministra das Finanças que dissemos que a medida já não era necessária. Se não era necessária provavelmente era exagerada. Ou seja, com um bocadinho mais de flexibilidade e um bocadinho menos de rigidez, acho que o programa se poderia ter feito sem desequilibrar em excesso socialmente a coesão do país”, afirmou, rematando: “Como diria o outro, não havia necessidade.”

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