A ministra da Saúde não foi informada previamente da decisão do diretor-executivo do SNS de apresentar a demissão do cargo. Segundo apurou o Observador junto de fonte do Ministério da Saúde, Ana Paula Martins foi apanhada de surpresa pela decisão de Fernando Araújo quando se encontrava em Bruxelas, num encontro com os homólogos da União Europeia.

Às 19h desta terça-feira, o gabinete de imprensa da Direção-Executiva do SNS enviou às redações um comunicado, assinado por Fernando Araújo, em que o diretor-executivo dava conta de que iria apresentar a sua demissão do cargo, para não ser “um obstáculo” à concretização das políticas do novo governo para o setor.

Fernando Araújo escolheu não informar previamente a ministra da Saúde da Saúde da decisão de renunciar ao cargo. O pedido de demissão formal foi recebido pelo Ministério da Saúde ao mesmo tempo que o comunicado da Direção-Executiva era enviada à comunicação social.

Ana Paula Martins foi, desta forma, apanhada de surpresa com a decisão de Fernando Araújo, quando se encontrava num encontro informal dos ministros da Saúde da União Europeia, que se prolongou pela noite de ontem e que continua esta quarta-feira, em Bruxelas.

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A opção de Fernando Araújo de não informar previamente a tutela parece ser uma resposta à forma como o Ministério da Saúde geriu comunicacionalmente o pedido do relatório sobre o ponto da situação das mudanças em curso à Direção Executiva.

No comunicado em que anuncia a demissão, o diretor-executivo do SNS deixa uma crítica à atuação da tutela que, segundo Fernando Araújo, não informou previamente a DE-SNS sobre o pedido do relatório com as mudanças em curso, preferindo antes enviar o pedido àquela entidade ao mesmo tempo que remetia à comunicação social uma nota em que dava conta da solicitação.

“Solicitaremos que a data de produção de efeitos da demissão seja o dia seguinte a apresentarmos o relatório da atividade exigido pela Tutela, do qual tivemos conhecimento por email, na mesma altura que foi divulgado na comunicação social”, sublinhou Fernando Araújo, numa crítica implícita à tutela.

No comunicado em que anuncia a demissão, o diretor-executivo lembra que “a DE-SNS é um órgão técnico, que tem de estar acima de questões políticas ou agendas partidárias, e que executa políticas públicas determinadas pelo Governo”.