Começou por ser uma revelação, depois tornou-se uma surpresa inesperada, a seguir subiu a garantia, agora é de longe a melhor equipa europeia de 2023/24. Antes da chegada de Xabi Alonso, a imagem que ficava do Bayer Leverkusen entroncava na maliciosa alcunha do “Neverkusen”. Nas últimas duas décadas tinha ficado em cinco ocasiões perto do título na Bundesliga mas não passou do quase. Tinha chegado três vezes à final da Taça da Alemanha mas não passou do quase na intenção de repetir o triunfo de 1992/93. Tinha ido a uma final da Liga dos Campeões em 2002 e a uma decisão da Taça UEFA na década de 80, foi quase nas duas. Se qualquer clube do mundo se enche de esperança quando chega a 90 minutos de um título, os adeptos da formação germânica quase tinham enraizado de forma inconsciente que a curta distância era demasiado grande. Agora, tudo mudou. E mudou de tal forma que não havia limites para essa viragem.

Nunca mais lhes chamam “Neverkusen”: Bayer sagra-se campeão alemão pela primeira vez na história (e sem derrotas esta época)

Chegados a esta fase da temporada, o Bayer Leverkusen não só já tinha garantido a conquista da primeira Bundesliga da história e a final da Taça da Alemanha (vai defrontar o Kaiserslautern, num encontro onde parte como claro favorito) como ainda não tinha sofrido qualquer derrota em termos oficiais num total de 48 encontros disputados com 40 vitórias, oito empates e 134 golos marcados contra apenas 36 sofridos. Agora, mais uma vez esta época, voltou a entrar nos derradeiros minutos finais em desvantagem e com tudo contra si. Afinal, no final dos descontos, isso acabou por coincidir com uma das maiores alegrias.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Com dois golos de vantagem que trazia de Itália, o novo campeão germânico partia com amplo favoritismo mas viu tudo isso ruir com o passar dos minutos a ponto de a Roma conseguir mesmo empatar a eliminatória com duas grandes penalidades transformadas por Leandro Paredes (43′ e 69′). A seguir, na sequência de uma saída mal calculada da baliza de Svilar, a bola bateu em Mancini após canto e foi para a própria baliza (82′). De forma pragmática, o Bayer Leverkusen focava-se na passagem… mas conseguiu um pouco mais.

O amigo Arteta, o instinto de Mourinho e a inspiração de Guardiola: Xabi Alonso, o jogador que nasceu para ser treinador

Num filme já antes visto e várias vezes na presente época, os alemães entraram nos descontos a perder, com a preocupação de segurarem a desvantagem mínima que valia o apuramento para a final da Liga Europa (com a Atalanta, que eliminou o Marselha com um triunfo por 3-0 após o empate a um no sul de França), mas acabaram por ser premiados no último minuto dos descontos com Stanisic, que tinha substituído Frimpong uns minutos antes, a fazer o 2-2 e a selar em definitivo a qualificação para mais uma decisão na presente temporada (90+7′), que poderá terminar com a conquista de todos os troféus que disputou.

Em paralelo com essa passagem, o Bayer Leverkusen fez mais história depois dessa conquista da primeira Bundesliga: ao chegar ao 49.º encontro consecutivo sem derrotas, o conjunto orientado por Xabi Alonso superou o recorde de invencibilidade que pertencia ao Benfica há quase 60 anos, quando os encarnados conseguiram estar sem qualquer desaire entre 1963 e 1965. Ainda assim, sobrou uma boa notícia: caso os germânicos consigam vencer a prova as águias entram diretas na Champions, sendo que um triunfo da Atalanta também poderá ser benéfico caso o conjunto de Bérgamo acabe a Serie A na quarta posição.