A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) vai requerer uma negociação suplementar ao Governo sobre a recuperação do tempo de serviço, anunciou esta quinta-feira a organização sindical, que aprovou também uma concentração de docentes excluídos pela proposta apresentada na terça-feira.

“Foi aprovado o pedido de negociação suplementar do diploma sobre recuperação do tempo de serviço aos professores, o que se concretizará na sexta-feira, dia 24”, adiantou esta quinta-feira a Fenprof em comunicado.

O pedido de uma nova reunião foi aprovado na quarta-feira no Plenário Nacional, no qual participaram mais de 1.300 professores.

“Foi, também, aprovada a realização de uma concentração de docentes excluídos ou só parcialmente considerados pelo texto apresentado pela Ministério [da Educação] em 21 de maio [terça-feira] e que não mereceu o acordo da Fenprof”, lê-se.

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De acordo com o sindicato, a concentração vai realizar-se no dia em que for agendada “a primeira reunião do processo de negociação suplementar e decorrerá sob o lema ‘Também somos Professores e perdemos tempo de serviço!’“.

“A este propósito, foi ainda aprovado um voto de protesto pela forma antidemocrática e violadora dos princípios da negociação coletiva como decorreu a ronda que deveria ser negocial, realizada em 21 de maio [terça-feira], e de veemente repúdio pelas declarações insultuosas do ministro Fernando Alexandre para com a Fenprof, proferidas na comunicação social escassos minutos antes de iniciar a reunião com esta federação”, acrescentou.

Na terça-feira, o secretário-geral da Fenprof repudiou as declarações do ministro Fernando Alexandre, que acusou a organização sindical de não ser parte da solução, considerando que representou uma “facada na confiança” na tutela.

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“Significa uma facada na confiança que podíamos ter no ministro da Educação. Para que seja recuperada, o ministro tem de dar provas de que é merecedor disso”, disse Mário Nogueira aos jornalistas, à saída da reunião negocial para a recuperação do tempo de serviço, que terminou sem acordo.

O dirigente sindical referia-se às declarações do ministro da Educação, Ciência e Inovação (MECI) que, ainda antes de receber a Fenprof, tinha considerado que a federação “nunca foi parte da solução” e disse duvidar, por vezes, que a educação e os professores sejam a “sua grande preocupação”.

“Isto é lamentável, merece o nosso repúdio e dissemos ao ministro que não lhe admitimos isso em momento algum. É o primeiro processo negocial em que estamos com ele, não tem o direito de fazer uma afirmação dessas”, acrescentou Mário Nogueira, que considerou as declarações do ministro como “absolutamente execráveis”.

Por outro lado, acusou ainda o ministro de ter tido uma atitude pouco democrática na forma como conduziu o último dia das negociações, por ter assinado um acordo com a Federação Nacional da Educação ao final da manhã e ter apresentado essa última proposta às restantes organizações sindicais, sem qualquer margem para alterações.

A proposta apresentada pela tutela — que prevê a recuperação do tempo de serviço de 25% ao ano entre 2024 e 2027 – foi aceite por sete das 12 organizações sindicais: a Federação Nacional da Educação (FNE), FENEI, SIPE, FEPECI, SPLIU, SNPL, e SIPPEB.

O Governo tinha iniciado as negociações a propor a contabilização do tempo de serviço a 20% ao ano, sendo que a proposta mais recente, apresentada há uma semana, previa a devolução de 50% nos primeiros dois anos, mas mantinha o prazo de cinco anos inicialmente proposto, com a contabilização de 20% em 2026 e de 15% em 2027 e 2028.

Segundo o ministro, a medida vai abranger cerca de 100 mil docentes e, a partir de 2027, quando já tiver sido devolvida a totalidade dos seis anos, seis meses e 23 dias, terá um custo anual para o Estado de 300 milhões de euros, conforme o executivo já tinha estimado.