O gabinete do munícipe da Câmara do Porto atendeu nos últimos cinco anos 695 pessoas migrantes e de minorias étnicas, no âmbito de um projeto de mediação municipal e intercultural.

Segundo os Censos, em 2021 residiam na cidade do Porto 231.800 pessoas, das quais 11.327 eram estrangeiras.

Desde abril de 2019, foram atendidas 695 pessoas, numa média de pouco mais de 100 por ano, desconhecendo o vereador com o pelouro da Educação e Coesão Social qual a percentagem de imigrantes ou de comunidades minoritárias.

O Porto é uma cidade e aberta e tolerante, mas às vezes é um pouco conservadora“, salientou Fernando Paulo em declarações à Lusa, destacando a importância deste projeto para uma “inclusão bem-sucedida”.

Segundo a PSP, no início deste mês ocorreram três ataques e agressões a imigrantes na zona do Campo 24 de Agosto, na Rua do Bonfim e na Rua Fernandes Tomás, no Porto. Na sequência das agressões, seis homens foram identificados e um foi detido pela posse ilegal de arma.

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Sobre o projeto, o autarca esclareceu que se segmenta em diferentes eixos com vista à integração das comunidades migrantes e minorias étnicas.

Um dos eixos passa pelo atendimento destas comunidades no gabinete do munícipe, através do qual podem obter informações e esclarecer dúvidas.

A par do atendimento no gabinete do munícipe, o projeto conta com três mediadores que acompanham estas comunidades em todas as freguesias, dando resposta em áreas como a educação, cultura, emprego e capacitação.

Segundo o vereador, desde 2019 o projeto promoveu a realização de mais de 350 atividades, que envolveram cerca de 10.500 pessoas.

O projeto de mediadores municipais e interculturais foi aprovado em 2018 no âmbito de uma candidatura ao Programa Operacional Inclusão Social e Emprego (POISE), gerido pelo Alto Comissariado para as Migrações.

Em abril de 2022, o município decidiu dar continuidade ao projeto.

À Lusa, Fernando Paulo avançou ser intenção do município alargar o projeto de mediação às escolas, atualmente frequentadas por 3.200 alunos estrangeiros, com idades entre os 3 e 18 anos.

No âmbito de uma candidatura ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), financiada em 500 mil euros, o município vai criar até ao final do ano 15 gabinetes de mediação em quatro agrupamentos de escolas, localizados nos territórios mais vulneráveis do Porto.

Apesar de não existirem “relatos de problemas” em ambiente escolar, Fernando Paulo esclareceu que os gabinetes visam promover “uma convivência pacífica, prevenir o conflito, reforçar competências de cidadania e combater o abandono escolar”.