A candidatura do Partido Trabalhista Português (PTP) considerou esta sexta-feira que a campanha eleitoral para as regionais de domingo na Madeira foi “pouco prestigiante” e apelou ao voto nesta força política, que tem provas de combate aos “vampiros” do Orçamento Regional.

“Esta campanha foi pouco prestigiante porque tivemos como adversário Miguel Albuquerque, investigado pela Justiça por casos de corrupção”, diz o candidato em segundo lugar na lista, Gil Canha, citado numa nota divulgada no Funchal sobre a iniciativa desta sexta-feira, que não foi atempadamente informada.

No último dia da campanha eleitoral, o candidato considerou que estas eleições regionais “deviam ter sido disputadas com Manuel António”, o ex-secretário do Ambiente e Recursos Naturais, que foi derrotado, pela segunda vez, nas últimas internas do PSD/Madeira, por Miguel Albuquerque, que lidera o partido desde 2015.

Segundo a nota, Gil Canha apelou ao voto no PTP para “dar força aos que têm provas dadas de luta e combate aos ‘vampiros’ do Orçamento Regional“.

“A nossa cabeça de lista [Raquel Coelho] não é política de profissão, tem o seu trabalho, tem o contacto no dia-a-dia com as dificuldades que as pessoas sofrem, ao contrário de muitos candidatos que fazem da política profissão”, declarou.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Acrescentou, ainda, que a candidata, que já foi deputada na Assembleia Legislativa da Madeira e é deputada municipal na Câmara do Funchal, “tem a sua atividade profissional” e “conhece os reais problemas da população”.

O PTP já teve três deputados na Assembleia Legislativa da Madeira (com as eleições de 2011), mas foi afastado do parlamento regional em 2019.

Nas regionais de 2015, o partido integrou a coligação Mudança (PS/PTP/PAN/MPT), que se desintegrou após o sufrágio, e ficou reduzido a um deputado.

A história do PTP está marcada pela atuação do pai da cabeça de lista, o controverso dirigente José Manuel Coelho, que protagonizou, enquanto deputado regional, alguns episódios mediáticos no parlamento, como a ostentação de uma bandeira nazi ou o uso de um relógio de cozinha ao peito.

Também chegou a despir-se no plenário, ficando em roupa interior, em protesto por ter sido condenado a pagar indemnizações a várias figuras regionais em processos judiciais, sobretudo por crimes de difamação.

O PTP, que nas eleições de 9 de outubro de 2011 conquistou 10.115 votos (6,87%), viu a sua votação reduzida para 1.369 votos (1,04%) nas últimas regionais em 24 de setembro de 2023.

As legislativas da Madeira decorrem com 14 candidaturas a disputar os 47 lugares no parlamento regional, num círculo eleitoral único: ADN, BE, PS, Livre, IL, RIR, CDU (PCP/PEV), Chega, CDS-PP, MPT, PSD, PAN, PTP e JPP.

As eleições antecipadas ocorrem oito meses após as mais recentes legislativas regionais, depois de o Presidente da República ter dissolvido o parlamento madeirense, na sequência da crise política desencadeada em janeiro, quando o líder do Governo Regional (PSD/CDS-PP), Miguel Albuquerque, foi constituído arguido num processo em que são investigadas suspeitas de corrupção.

Em setembro de 2023, a coligação PSD/CDS venceu sem maioria absoluta e elegeu 23 deputados. O PS conseguiu 11, o JPP cinco o Chega quatro, enquanto a CDU, a IL, o PAN (que assinou um acordo de incidência parlamentar com os sociais-democratas) e o BE obtiveram um mandato cada.