Entrou de blazer sem cruzar o relvado como se de um herói se tratasse, esteve 120 minutos só de camisola de manga curta num encontro que teve de tudo um pouco, voltou a vestir o blazer para afastar os jogadores do Sporting que rodeavam Fábio Veríssimo, dar início a uma volta de saudação aos adeptos e depois reunir todo o grupo numa roda quase que a projetar a próxima temporada. 22 anos depois, os leões continuam sem fazer a tão desejada dobradinha e nem mesmo o triunfo no Campeonato alterou o discurso de Rúben Amorim a esse propósito depois da derrota no prolongamento frente ao FC Porto que fechou a época 2023/24. E sendo certo que continua a não ter qualquer Taça de Portugal no seu currículo, aquilo que ficou também foi a vontade de poder voltar ao Jamor de novo como campeão para poder reescrever mais história.

Foi o nervosismo de um miúdo que rebentou com eles (a crónica da final da Taça de Portugal)

“Foi uma época boa, podia ter sido uma época muito boa. Esteve tudo num pormenor mas temos de viver com essa exigência. Não apaga nada do que fizemos. Entrámos bem mas depois tornou-se um jogo estranho. Tínhamos planos consoante os minutos mas o encontro teve pouco tempo para ser jogado 11 para 11. Se as palavras do presidente Frederico Varandas tiveram impacto? Não, isso não teve impacto nenhum, estamos a falar porque houve um golo de penálti no prolongamento”, começou por referir na conferência.

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“Mudança de paradigma? Estamos a começar e isto não muda nada. Para já, devemos só dizer que foi uma época boa sem ser extraordinária e só isso já começa a mudar o paradigma. Não apaga o Campeonato que fizemos mas é menos especial e isso também é importante para o próximo ano. Com a dobradinha teria um trabalho, assim terei outro e vamos preparar a Supertaça. Não vai ser uma época muito boa porque só ganhámos o Campeonato, independentemente dos recordes. O que fica é que os adeptos depois do quarto lugar estiveram lá sempre. Ganhar só o Campeonato é pouco e se tivéssemos ganho hoje a Taça de Portugal, estaria a pensar o porquê de não termos ganho a Taça da Liga”, apontou Rúben Amorim.

“Diogo Pinto? A avaliação vamos fazer durante o descanso. Não lhe vou dizer nada de especial. Percebeu que esteve muito bem, salvou-nos algumas vezes com dez. Não é da idade. O Antonio [Adan] também foi expulso em Marselha. Estou muito satisfeito e muito orgulhoso do trabalho do Diogo Pinto”, referiu ainda o técnico verde e branco, falando do vermelho a St. Juste: “São jogos frustrantes porque não jogamos realmente, andamos sempre a tentar buracos. Para mim, o maior erro é fazer a falta ou o penálti, naquele caso é deixá-lo ir. Agora é avaliar o jogo e sermos melhores amanhã. Senti que podíamos ter mais posse, acontece a todos. Às vezes é preferível sofrer porque conseguimos dar a volta, marcamos muitos golos”.

Antes, na zona de entrevistas rápidas, Rúben Amorim falara mais da final. “Com a expulsão tornou tudo mais difícil. Levámos o jogo até ao fim, sofremos um penálti e… foi assim. O jogo é sempre difícil, contra qualquer equipa é assim, quanto mais com o FC Porto com mais um. Sabíamos que podia isto acontecer, a expulsão e o penálti, e foi por aí que se resolveu o jogo. Mesmo com dez defendemos bem. Uma má receção ou uma bola mal batida pelo Pinto, que fez uma boa exibição, podem acontecer. Não foi pela forma como nos atacaram que perdemos”, destacara o técnico campeão nacional em palavras à SportTV.

“Se a derrota marca a época? Torna-a numa boa época, só. Foi importante vivermos esta final, ainda para mais com estas incidências, para não nos esquecermos de onde viemos. Hoje foi assim, é menos uma taça mas a longo prazo vai ser muito melhor. Guarda de honra no final? Para os vencedores não costuma ser. Para os vencidos é mais fácil. Quisemos dar o exemplo, depois de terem feito isso connosco [Estoril] e temos muita fé de que vamos ser os próximos e vão ter de fazer-nos isto”, acrescentou ainda Rúben Amorim.