O executivo da Câmara do Porto recusou esta segunda-feira, por maioria, uma proposta do Bloco de Esquerda para que fosse projetada na fachada do edifício dos Paços do Concelho a bandeira da Palestina numa manifestação de solidariedade com o seu povo.

A proposta apresentada pelo BE na reunião do executivo integrava três pontos, que foram votados separadamente a pedido do PSD.

A projeção da bandeira da Palestina na fachada da câmara era um desses pontos e contou com o voto contra do presidente, de três vereadores do movimento independente e do PSD, com a abstenção de dois vereadores do movimento independente, e com o voto favorável do BE, CDU, PS e da vereadora independente.

A recomendação instava também a câmara a apelar ao Governo que se juntasse aos mais de 140 países que já reconheceram o Estado da Palestina, que foi rejeitada. O único ponto aprovado por unanimidade visa manifestar apoio às posições do Secretário-Geral das Nações Unidas e das organizações internacionais que apelam a um cessar-fogo na faixa de Gaza.

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Pelo PSD, o vereador Alberto Machado defendeu a necessidade de existir paz na faixa de Gaza, mas disse “ter reticências” relativamente ao reconhecimento do Estado da Palestina e à projeção da bandeira. “Entendemos que devemos fazer este reconhecimento no quadro da União Europeia”, referiu, evocando razões financeiras relativamente à projeção da bandeira.

“Não sei se devemos estar sempre a votar projeções de bandeiras na fachada do município. Aproveitava para perguntar se o executivo sabe quanto custa cada projeção, porque daquilo que tenho visto parece-me uma logística bastante complicada”, acrescentou.

Já o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, disse concordar “genericamente” com os considerandos da proposta e com o cessar-fogo, lembrando, no entanto, que, quanto ao reconhecimento da Palestina, “quer o Governo quer os principais partidos políticos portugueses tomaram uma posição de que não é este o momento”.

Rui Moreira defendeu que o reconhecimento do Estado da Palestina e a projeção da bandeira “só fazem sentido se conjugados”, alertando que esta é uma “matéria de consciência”.

Tanto a CDU, como o PS manifestaram concordância com a proposta.

À Lusa, o vereador do BE, Sérgio Aires, admitiu ter ficado surpreendido com a rejeição da proposta, dizendo que a mesma “não tem carga ideológica”. Já quanto à projeção da bandeira, o bloquista considerou a decisão paradigmática.

“Quando foi a pedido da embaixada de Israel, quando foi o ataque do Hamas, fez sentido e houve solidariedade, mas também faria sentido com aquilo que estamos a assistir agora”, referiu, dizendo que todas as forças políticas demonstraram estar solidárias com o povo palestiniano.

Sérgio Aires acredita que o município ainda está a tempo de mudar a decisão e projetar a bandeira da Palestina na fachada dos Paços do Concelho, conforme fez em 10 de outubro de 2023, depois de solicitado pela embaixada de Israel em Portugal.