Contra todas as expectativas, um estudo revelou que os hipopótamos planam em corrida rápida, às vezes por períodos significativos. Estes mamíferos de grande porte “voam”, tiram as quatro patas do chão até 15% do tempo em que correm a grande velocidade. Ou seja, permanecem cerca de 0,3 segundos em plena suspensão no ar, concluiu a equipa liderada pelo professor John Hutchinson e pela recém-licenciada Emily Pringle da Royal Veterinary College, no Reino Unido.

Naquela que é a primeira investigação totalmente focada no movimento destes animais, os cientistas passaram dias a analisar frames de vídeos que gravaram durante o dia no Flamingo Land Resort, em Yorkshire.

Ficámos agradavelmente surpreendidos ao ver como os hipopótamos se elevam no ar quando se movem rapidamente — é realmente impressionante!“, expressou o professor de Biomecânica Evolutiva no artigo publicado no site da instituição, acrescentando que qualquer pessoa pode “pegar numa câmara ou em vídeos da internet” e “aprender sobre o movimento animais a partir dessas imagens”.

Apesar de já existirem alguns estudos que fazem referência ao modo como estes animais se movimentam — uns alegam que caminham em marcha quadrupedal padrão, outros afirmam que trotam com as patas diagonais em sincronia — nunca antes uma investigação tão exaustiva e específica tinha sido realizada. Segundo o relatório, estes mamíferos não se movimentam nem como os elefantes, nem como os rinocerontes — que se deslocam em movimentos progressivos à medida que ganham velocidade —, ao contrário do que seria expectável em animais terrestres.

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Após a observação de 169 ciclos de locomoção de 32 hipopótamos, foi possível aferir que troteiam em todas as fases do movimento, desde o mais lento à corrida rápida. Porém, tal como os cavalos, quando correm em grandes velocidades, contrariam o seu peso e tamanho — que pode ultrapassar os 2 mil quilogramas — e levantam as  quatros patas do chão, ficando por momentos em pleno “voo”.

Estudar hipópotamos não é fácil. São animais perigosos, passam muito tempo na água, e estão mais ativos à noite, refere Hutchinson. Por isso o professor optou pelos vídeos do parque de Yorkshire, onde têm espaço para correrem e a outros que existem no YouTube.

Já o responsável pela ciência e conservação do Flamingo Resort  destacou a importância do estudo para o conhecimento das espécies destes mamíferos e para a prestação de melhores cuidados de saúde, salientando ainda os “impactos positivos para a comunidade zoológica em geral no que diz respeito à criação e conceção de recintos“.

O relatório concluiu também que a descoberta potencia a compreensão sobre como o tamanho e peso do animal poderão afetar o seu movimento e irá ajudar no diagnóstico de problemas de mobilidade.