Ninguém pára Remco Evenepoel. Duas semanas depois de ter terminado a Volta a França no pódio, na estreia, e com direito a vestir a camisola da juventude e a conquistar uma etapa, o belga continuou a mostrar todo o seu domínio em terras gaulesas. Nem mesmo num contrarrelógio em que a chuva foi rainha e numa prova de fundo cheia de candidatos deu hipóteses à concorrência.

Recuando uma semana, até ao primeiro dia oficial de Jogos Olímpicos de Paris, não era surpreendente ver Evenepoel terminar o contrarrelógio no primeiro lugar do pódio. O belga é, atualmente, o melhor contrarrelogista do mundo, pelo que tinha de ser considerado o principal favorito. Contudo, a forte chuva que caiu em Paris durante o dia podia causar surpresas. Não foi o caso. O corredor de 24 anos dominou a prova e terminou com 15 segundos de vantagem para o italiano Filippo Ganna, referência na categoria.

Já este sábado, na prova de fundo, o belga era um dos candidatos a triunfar no Trocadéro, ao cabo de mais de 270 quilómetros. Ainda assim, o lote de possíveis medalhados era extenso e não se cingia aos três mosqueteiros — Remco, Mathieu van der Poel e Wout van Aert. Evenepoel mostrou estar forte na penúltima volta do circuito de Paris, aguentou o ataque do neerlandês e do companheiro de seleção e, pouco depois, atacou com o francês Valentin Madouas.

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A 15 quilómetros deu a estocada final, atacando na subida de Montmartre. Madouas não conseguiu acompanhar o ritmo do belga, que seguiu isolado rumo ao centro de Paris. A menos de quatro quilómetros da chegada, sofreu um revés junto ao Louvre, foi forçado a parar para trocar de bicicleta, mas conseguiu manter a vantagem. Com toda a sua força e destreza, Evenepoel sagrou-se campeão olímpico de fundo.

Este título tem o condão de colocar o corredor da Soudal-Quick Step na história do ciclismo: Evenepoel é o primeiro ciclista masculino a vencer as duas provas de estrada na mesma edição dos Jogos Olímpicos. Mais, o belga é mesmo o único a conseguir fazê-lo, já que em toda a história olímpica, ninguém conseguiu vencer nas duas provas. No ciclismo feminino já tinha acontecido um feito idêntico, já que, em 2000, a neerlandesa Leontien Moorsel ganhou o contrarrelógio e o fundo em Sydney.

Mais relevante ainda, Remco Evenepoel é, pelo menos até ao final de setembro, o detentor dos títulos olímpicos e o campeão do mundo de contrarrelógio. O registo pode manter-se, já que o final de temporada do belga passa e muito pelos Campeonatos do Mundo de Zurique. Na Suíça volta a ser favorito a ganhar o contrarrelógio e é um candidato a vencer a prova de fundo. Remco quer fazer história mesmo que já faça parte dela.