Sempre com fair-play e espírito desportivo à mistura, o maior evento do desporto mundial acolhe confrontos que não seriam possível noutro palco nem tão pouco noutro contexto. Um caso disso mesmo foi a recente final masculina do lançamento do dardo, que teve como protagonistas um paquistanês e um indiano, dois países em conflito desde a primeira metade do século passado.

O principal momento da final que decorreu na quinta-feira aconteceu quando Arshad Nadeem alcançou os 92,97 metros, quebrou o recorde olímpico que perdurava desde 2008 e deu uma alegria em tons de ouro ao país que é mais conhecido pelo críquete do que pelo atletismo. Esta foi a primeira medalha olímpica do Paquistão desde 1992, feito que levou inúmeros paquistaneses para a rua durante a madrugada, dada a diferença horária para Paris.

“O nosso irmão ganhou a medalha de ouro e perdi a voz porque celebrei a noite toda. Quando ele chegar a casa vamos celebrar de uma forma que o mundo não esquecerá! Somos pessoas simples e celebraremos com kheer [arroz-doce local] e tudo o que Alá nos der. Estamos felizes!”, partilhou Shahid Nadeem, irmão do novo campeão olímpico, em entrevista à CNN internacional.

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Já a sua mãe contou ao Geo News, canal paquistanês, que as pessoas aglomeraram-se junto à casa da família Nadeem com tambores e muita música. “Estou tão feliz, o que posso dizer? Quero abraçá-lo e beijá-lo. Ele deixou o nome do Paquistão orgulhoso, ganhou uma medalha para o Paquistão e fez a bandeira ser hasteada com orgulho”, partilhou.

“É uma sensação incrível… ganhar o ouro olímpico. Sou grato a Alá por me dar o fruto do meu trabalho e a todas as pessoas em casa que oraram por mim. Tentarei fazer ainda melhor da próxima vez”, confidenciou Arshad Nadeem aos jornalistas, depois de conquistar o ouro. Apesar de estar agora no topo do mundo, Nadeem vem de origens humildes e o ginásio onde treina nem sequer tem ar condicionado, obrigando-o a treinar de manhã cedo e à noite.

O lançador começou no desporto sem receber qualquer apoio do governo paquistanês. Porém, assim que começou a ganhar medalhas no país e em competições internacionais, os governantes decidiram começar a investir nas suas viagens, comparticipando metade das despesas.