“Há cerca de cinquenta casas na minha rua e trinta e duas foram marcadas”, afirma um morador de Enero, um bairro pobre em Caracas, à CNN Internacional. Pablo, pseudónimo que utiliza por ter receio de retaliações, alega que o regime de Nicolás Maduro está a desenhar “X” pretos nas casas daquela área residencial para identificar as pessoas que protestaram contra o resultado das eleições presidenciais de julho.

Os moradores acreditam que grupos paramilitares pró-regime estão por trás da tinta spray, que usam como ameaça. Segundo os relatos, as cruzes apareceram no bairro poucos dias após o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ter reivindicado a vitória nas eleições de 28 de julho, resultado que foi contestado pela oposição e observadores estrangeiros.

No X, circulam vídeos de ruas venezuelanas com várias casas assinaladas com uma cruz preta. Alega-se que se tratam das casas de voluntários da oposição, que passam a ser facilmente identificadas pelas autoridades. As detenções de membros do partido Vente, liderado por María Corina Machado, sucedem-se.

Uma das detidas, María Oropeza filmou a sua própria detenção. Horas depois de se pronunciar contra a perseguição política contra os venezuelanos, foi alvo da “Operação Truz Truz”. Bateram-lhe à porta e a advogada e apoiante dos opositores de Nicolás Maduro não se voluntariou a abrir, mas a detenção acabou mesmo por se concretizar.

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María Oropeza filmou a sua própria detenção mas nada impediu as forças de Maduro de a levarem

No caso de Pablo, que falou à CNN, o homem conseguiu mesmo ouvir a pintura na sua própria porta a meio da noite, com o barulho do spray a acordá-lo. Outra moradora do mesmo bairro disse que a sua casa não foi grafitada, mas que agora está demasiado intimidada para se juntar aos novos protestos anti-governamentais planeados para os próximos dias.