“Sou eu quem vocês procuram.” A frase é de Issa Al Hassan, o autor confesso do esfaqueamento na Alemanha, que matou três pessoas e deixou oito feridas, quatro em estado crítico. Vinte e seis horas depois de ter causado o pânico na cidade de Solinbgen ao usar uma faca para atacar várias pessoas que estavam no “Festival da Diversidade”, o homem, com roupas manchadas de sangue, fez sinal a um carro da polícia e entregou-se.

Trata-se de um cidadão sírio de 26 anos, que nasceu em Deir ez-Zor, no leste da Síria, e atualmente vive num centro para refugiados perto do centro da cidade de Solingen, a apenas 250 metros do local do crime. Chegou à Alemanha em 2022, via Bulgária, e por isso acabou por ver o pedido de asilo negado, tendo havido uma ordem para deportá-lo de volta para a Bulgária, país responsável pelo processamento do seu pedido por ser o país de entrada na União Europeia, segundo o Zeit Online. Nunca chegou a acontecer.

O mesmo jornal dá conta de que o sírio ter-se-á escondido no local onde vivia na altura, em ​​Paderborn, e só voltou a apresentar-se às autoridades na altura em que o prazo para a deportação expirou. Sem o processo concluído, o refugiado acabou por receber uma autorização de residência temporária, com direito a apoios sociais, e foi transferido para Solingen. Além destas informações, os jornais locais relevam que o jovem não era conhecido pelas autoridades de segurança como um extremista islâmico.

De acordo com a Der Spiegel, as autoridades já estariam à procura de Issa Al Hassan, já que uma testemunha avisou a polícia sobre a presença de um casaco na cena do crime e no interior foi encontrada uma carteira com a identidade do homem. A polícia usou também cães pisteiros para seguir o rasto de sangue, que foi dar até à casa onde vivia o suspeito. No caminho foi encontrada a arma do crime num caixote do lixo e no quarto as autoridades encontraram um conjunto de facas onde faltava aquela que foi usada para cometer o crime. A mesma revista alemã conta também que uma das testemunhas garantiu que conhecia o autor do crime de uma mesquita em Solingen.

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De acordo com o comunicado da Procuradoria-Geral, o detido é acusado de homicídio em três casos e de tentativa de homicídio noutros oito, bem como de pertencer a uma organização terrorista estrangeira, e ficou em prisão preventiva. Segundo a nota, os investigadores assumem que Issa Al Hassan partilha a ideologia islâmica radical do Estado Islâmico e que por isso tomou a decisão de “matar o maior número possível de pessoas que, do seu ponto de vista, eram infiéis”.

No mesmo dia em que o suspeito se entregou às autoridades, o Estado Islâmico reivindicou o ataque à faca na Alemanha, num comunicado publicado num canal de Telegram, e justificou o ato como uma “vingança pelos muçulmanos na Palestina e em todo o lado”.

Antes da detenção do “verdadeiro suspeito”, como lhe chamou o ministro da Administração Interna da região, Herbert Reul, a polícia já tinha detido um outro suspeito, um adolescente de 15 anos, que teria tido conhecimento do plano e não avisou as autoridades.