Elon Musk trabalhou ilegalmente nos EUA no início da sua carreira empresarial, revela uma investigação do Washington Post, para a qual foram ouvidos antigos colegas de trabalho e consultados documentos empresariais.
Nos últimos meses, o patrão da Tesla, da SpaceX e da rede social X, intensificou o apoio a Donald Trump. Têm também sido frequentes as vezes em que Musk, que nasceu na África do Sul, tem criticado as políticas de “fronteiras abertas” e a imigração nos EUA.
Elon Musk foi à Pensilvânia apoiar Trump: “Deve vencer para preservar a democracia nos EUA”
De acordo com a investigação do jornal norte-americano, Musk não tinha documentos legais nos EUA quando fundou a empresa Zip2, que vendeu por 300 milhões de dólares em 1999, hoje em dia o equivalente a 567,7 milhões de dólares (518,6 milhões de euros).
Musk chegou a Palo Alto em 1995, supostamente para estudar na universidade de Stanford — mas nunca chegou a inscrever-se nas aulas, preferindo trabalhar na startup. Segundo os especialistas ouvidos pelo jornal, não estando a estudar, Musk não teria uma base legal para continuar nos EUA.
O estatuto legal dos irmãos Elon e Kimbal Musk terá sido discutido internamente na altura da venda da Zip2. Nos documentos do acordo de investimento vistos pelo Washington Post, é mencionado que os irmãos Musk e um dos seus associados “teriam 45 dias para tentar obter um estatuto legal de trabalho” nos EUA. Em caso contrário, a capital de risco Mohr Davidow Ventures, que canalizou três milhões de dólares em 1996 para a fundação da Zip2, poderia pedir a devolução do investimento.
“O estado de imigração deles não era o que legalmente deveria ser para quem gere uma empresa nos EUA”, disse Derek Proudian, que fazia parte do conselho de administração da Zip2 na altura. “Não queremos que o nosso fundador seja deportado”, recordou sobre a altura.
[Já saiu o quinto e último episódio de “A Grande Provocadora”, o novo podcast Plus do Observador que conta a história de Vera Lagoa, a mulher que afrontou Salazar, desafiou os militares de Abril e ridicularizou os que se achavam donos do país. Pode ouvir aqui, no Observador, e também na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube. E pode ouvir aqui o primeiro episódio, aqui o segundo, aqui o terceiro e aqui o quarto episódio .]
Joe Biden, o atual Presidente dos EUA, criticou a hipocrisia de Musk após a publicação do Washington Post. “O homem mais rico do mundo afinal era um imigrante ilegal cá. Não estava a estudar. Violou a lei. E está a falar sobre todos estes imigrantes que estão a vir?”, criticou Biden, em declarações citadas pela Associated Press.
No X, Musk respondeu a um vídeo de Joe Biden sobre esta crítica, dizendo que tinha autorização “para trabalhar nos EUA”. “A marionete Biden está a mentir.” O advogado de Musk foi contactado pelo jornal, antes da publicação da notícia e no exercício de contraditório, mas não respondeu aos pedidos.
I was in fact allowed to work in the US.
The Biden puppet is lying.
— Elon Musk (@elonmusk) October 27, 2024
Procurador da Filadélfia quer travar sorteios de Elon Musk a eleitores
Larry Krasner, o procurador distrital de Filadélfia, quer impedir os polémicos sorteios diários de um milhão de dólares de Musk a eleitores norte-americanos. Segundo o procurador, o concurso é “indiscutivelmente uma lotaria ilegal” que viola a lei de proteção do consumidor do estado.
O Departamento de Justiça dos EUA já tinha avisado que os sorteios feitos pelo grupo America PAC, criado por Musk, deveriam ser ilegais. Apesar dos avisos, os sorteios têm continuado.